Um dos principais conselheiros do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em questões relacionadas à Ucrânia, afirmou em depoimento nesta terça-feira, 29, que ele estava tão alarmado depois de ouvir Trump pedindo ao presidente ucraniano para investigar um rival político, o democrata Joe Biden, que ele denunciou a questão a um advogado da Casa Branca sem que o departamento de Segurança Nacional soubesse.O Tenente das Forças Armadas, Coronel Alexander Vindman, diretor de assuntos Europeus no Conselho de Segurança Nacional, depôs a portas fechadas. Seu relato levou os líderes democratas da Câmara dos Deputados dos EUA a divulgar um documento determinando os procedimentos dos próximos passos do inquérito do impeachment de Trump, após semanas de depoimentos na Câmara.A resolução, que deve ser votada nesta semana, pede audiências públicas da Comissão de Inteligência da Casa e permite que um advogado representando Trump participe dos procedimentos na Comissão Judiciária, no painel que pode, no futuro, votar a favor de acusações formais contra o presidente dos EUA.Caso os tópicos sejam aprovados, um julgamento será encaminhado ao Senado americano, de maioria republicana, partido de Trump, onde haverá a decisão final.Vindman, até agora, é o primeiro oficial da Casa Branca a testemunhar no inquérito. O americano, nascido na Ucrânia e veterano da Guerra do Iraque, também é a primeira pessoa a depor que estava na sala do telefonema de 25 de julho, quando Trump conversou com o presidente ucraniano Volodmir Zelenski.Durante a ligação, Trump pediu a Zelenski para investigar Joe Biden, um dos principais pré-candidatos democratas da eleição presidencial de 2020, além de seu filho Hunter Biden, que foi membro do conselho da empresa de gás natural ucraniana Burisma, investigada por corrupção e lavagem de dinheiro.O americano também pediu para que o ucraniano investigasse uma teoria conspiratória que afirma que a Ucrânia, e não a Rússia, tenha interferido nas eleições de 2016.“Eu fiquei preocupado com a ligação”, disse Vindman na Comissão do impeachment. “Eu não pensei que fosse apropriado demandar que um governo estrangeiro investigasse um cidadão americano, e eu estava preocupado em relação às implicações para o governo americano em seu apoio à Ucrânia”.“Eu percebi que se a Ucrânia comandasse uma investigação contra os Bidens e a Burisma, isso provavelmente seria interpretado como um ato partidário que indubitavelmente resultaria na Ucrânia perdendo o apoio bipartidário que manteve até agora. Tudo isso iria afetar a segurança nacional dos EUA”, afirmou.Até o momento, o depoimento de Vindman é um dos mais comprometedores no inquérito do impeachment que ameaça a presidência de Trump enquanto ele busca a reeleição no ano que vem.Também durante o depoimento, Vindman negou ser o denunciante anônimo (ou whistleblower) que desencadeou na abertura do processo de impeachment, e afirmou que nos dias anteriores ao telefonema entre Trump e Zelenski, ele já havia alertado advogados sobre suas preocupações em relação a pressões anteriores feitas pela admnistração americana contra a Ucrânia.