O governo do Rio Grande do Norte vai colocar contêineres para separar presos de duas facções criminosas no Complexo Penitenciário de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal.

Caminhões carregando os equipamentos já estão posicionado na porta de Alcaçuz. Depois, o governo pretende construir um muro para separar definitivamente as duas facções. Neste sábado (21), a situação do presídio parece mais tranquila. Os presos, que durante a semana ocuparam os telhados, estão recolhidos dentro dos pavilhões.

Desde o último sábado (14), o presídio passa por motins, mesmo após a entrada de homens do Batalhão de Choque. Detentos das facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e do Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte se enfrentam pelo controle do local.

Ao menos 26 pessoas foram mortas. Há mais vítimas, mas o governo Robinson Faria (PSD) diz não saber o número de mortos e feridos ocorrido no confronto entre as duas facções no dia anterior. A assessoria do governo disse que o número só deve ser conhecido após uma vistoria completa no presídio, o que ainda não ocorreu.

Seis feridos foram retirados da penitenciária, sendo três na noite desta quinta (19) e três nesta sexta (20). Esses últimos foram içados por policiais e socorristas que aguardavam nos muros. O trabalho de colocar os detentos na maca era feito por outros presos.

O PCC ocupa os pavilhões 4 e 5. Já o Sindicato está nas alas 1, 2 e 3. Não há separação física entre os dois grupos. Policiais armados nas guaritas fazem essa separação.Os containers vão separar as facções de forma emergencial, segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, pasta responsável pelo sistema penitenciário do RN.

Policiais do Choque e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) estão na frente do complexo para agir em caso de novo confronto entre os presos. O major Eduardo Franco, da Polícia Militar do RN, negou à Folha de S.Paulo que os presos tivessem controle da penitenciária. Disse que, por enquanto, a prioridade era evitar novos confrontos e fugas de presos. "Existe um problema de infraestrutura. A PM vai entrar, fazer a separação e manter alguns isolados, mas agora está tudo destruído."

EXÉRCITO

Cerca de 650 homens do Exército chegaram a Natal nesta sexta para reforçar a segurança nas ruas da cidade, após uma série de ataques. Foram registradas desde quarta (18) 34 ocorrências de incêndios contra veículos e uma delegacia, e mais quatro ataques com arma de fogo contra prédios públicos. Para a polícia, eles estão relacionadas à crise em Alcaçuz.

Com isso, a população de Natal teve nesta sexta o terceiro dia sem transporte público. Os veículos chegaram a circular em alguns momentos, mas voltaram às garagens. Neste sábado (21), outros 750 militares chegarão e, até domingo (22), 1.846 homens do Exército estarão patrulhando as ruas de Natal e região metropolitana. A ação dos militares vai durar dez dias.

"Não vamos admitir descontrole, não vamos admitir que venha a imperar o medo e a desordem aqui como da vez anterior", disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Em relação à futura ação das Forças Armadas na varredura dentro de presídios, afirmou esperar que eles "continuem limpos, livres de arma e munição" depois, como uma atribuição dos Estados.

O governador Faria disse haver dois novos presídios sendo construídos no Estado e que um terceiro virá com dinheiro do governo federal. Afirmou esperar "acabar com Alcaçuz", "suprimir e apagar a história maldita" da maior prisão do Estado.