O presidente dos EUA, Joe Biden, convidou nesta sexta-feira (26) 40 líderes mundiais para participar da Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril. Entre eles está o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Segundo informações da Casa Branca, Biden pediu que os líderes usem o encontro como "oportunidade para delinear como seus países podem contribuir para uma ambição climática mais forte".

Desde a posse do democrata, em 20 de janeiro, auxiliares dos governos brasileiro e americano têm conversado sobre a agenda ambiental, que Biden colocou no centro de seu governo, enquanto Bolsonaro costuma adotar uma postura negligente diante do tema.

Apesar do antagonismo dos dois presidentes nesta e em outras áreas, assessores do Planalto já haviam sinalizado à Casa Branca que Bolsonaro participaria do encontro e esperava a formalização do convite, que chegou nesta sexta.

Bolsonaro é um crítico de ONGs que atuam na preservação da Amazônia, promove a desregulamentação de normas ambientais e é considerado no exterior um líder sem compromisso com a proteção do ambiente.

Biden, por sua vez, prometeu eliminar emissões de carbono do setor elétrico nos EUA até 2035 e já tratou diversas vezes do desmatamento da Amazônia, mas a ordem inicial na Casa Branca é fazer isso, de início, com diálogo e parcerias, e não com sanções em relação ao Brasil.

Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, o governo Bolsonaro pediu ajuda aos EUA para atingir novas metas em energia limpa -área em que o Brasil se destaca historicamente- e esse pode ser um dos principais pontos levados ao debate da cúpula em abril, pelo lado brasileiro.

Durante o encontro, que será realizado de maneira virtual entre os dias 22 e 23 de abril, os EUA pretendem anunciar uma nova meta emissões de carbono para 2030, como parte de seu retorno ao Acordo Climático de Paris -assinado por Biden em seu primeiro dia de governo.

Considerado czar do clima da Casa Branca, o assessor especial John Kerry já teve reunião com o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, e tem pedido em público que as nações se comprometam com números mais objetivos e ambiciosos quando o assunto é mudança climática, tratada por ele como uma questão de segurança.

Entre os convidados para a cúpula de abril estão os líderes de 17 países que, junto com os EUA, fazem parte do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, responsáveis por cerca de 80% das emissões globais de carbono.

"O presidente [Biden] também convidou os líderes de outros países que têm demonstrado forte liderança na área climática, são especialmente vulneráveis aos impactos do clima ou estão traçando caminhos inovadores para uma economia de emissão zero", diz a Casa Branca.

Além de Bolsonaro, estão na lista os presidentes Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia, Poder Executivo da União Europeia), Emmanuel Macron (França), Andrés Manuel López Obrador (México), Alberto Fernández (Argentina), Sebastián Piñera (Chile), Iván Duque Márquez (Colômbia), e os primeiros-ministros Angela Merkel (Alemanha), Boris Johnson (Reino Unido), Narendra Modi (Índia), Binyamin Netanyahu (Israel), entre outros.

Biden quer mostrar que os EUA estão de volta à liderança global, após quatro anos de isolacionismo de Donald Trump, mesmo em uma área em que os americanos são um dos principais poluentes do mundo -atrás somente da China.

O presidente dos EUA considera a reunião de abril um caminho preparatório para a Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), a COP26, marcada para novembro em Glasgow.

O esforço das cúpulas é catalisar o trabalho conjunto dos países para conter o aquecimento global a um limite de 1,5°C.

Biden quer mobilizar financiamento público e privado para impulsionar a transição energética dos países e ajudar nações vulneráveis a lidar com impactos climáticos.