Pesquisa Reuters/Ipsos divulgada nesta quarta-feira (17) mostra o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com 35% das intenções de voto para as eleições de novembro. Está 13 pontos percentuais atrás do ex-vice-presidente Joe Biden, que marcou 48%.

O levantamento confirma a perda de terreno do republicano na busca pela reeleição. Antes da pandemia da Covid-19, a vantagem de Biden –que ainda estava em campanha para as primárias democratas– estava em um dígito. Em alguns levantamentos, registrava-se empate técnico no limite da margem de erro.

Fora a emergência de saúde pública, a campanha de Trump tem sido desidratada pelos protestos do Black Lives Matter, motivados pela morte de George Floyd por um policial branco. O presidente muitas vezes utilizou da força para impedir os atos, o que foi mal visto até mesmo por uma parcela de republicanos.

Pesquisa da CNN do começo de junho já mostrava o prejuízo eleitoral sofrido por Trump depois dessas recentes crises nacionais. Na ocasião, Biden registrou 55%, contra 41% de Trump –vantagem de 14 pontos, a maior nesse ciclo.

A eleição presidencial norte-americana está marcada para 3 de novembro. Nos Estados Unidos, não há segundo turno. Ganha quem obtiver mais delegados nos 50 Estados do país. Os delegados são distribuídos de acordo com a votação popular regional.

Esse sistema possibilita ao candidato vencer o pleito sem maioria nas urnas, como em 2016, quando Trump foi eleito com menos votos que a democrata Hillary Clinton.

Antes da votação final, há ainda as eleições primárias de cada partido. Entre os democratas, Biden venceu Bernie Sanders e companhia após abrir vantagem confortável entre os delegados partidários. Trump nadou de braçada nas prévias republicanas. Apenas um processo de praxe para um atual presidente.

Popularidade interfere

Em ano eleitoral, um presidente que busca a reeleição depende em boa parte da aprovação de seu governo para obter mais quatro anos no cargo mais poderoso do mundo. Uma alta avaliação negativa nas vésperas do pleito já vitimaram recentemente Jimmy Carter e George H. W. Bush.

O mesmo pode acontecer com Donald Trump. Em seu primeiro cargo político, o atual presidente jamais obteve índices acima dos 50%. Mesmo assim, seu desempenho na economia era uma salvaguarda. Porém, a pandemia ofuscou seu trunfo e derrubou sua aprovação.

A pesquisa da Reuters apontou o republicano com aprovação de 38%, talvez insuficiente para alguém que busca se manter em Washington. Os que desaprovam a gestão de Trump somam 57%, apenas 2 pontos abaixo de seu pior resultado, em meados de 2018.

O que preocupa ainda mais é a perda de sua base. Desde março, a aprovação entre os republicanos –que antes da pandemia confiavam cegamente em Trump– caiu 13 pontos percentuais.

Por outro lado, Joe Biden ganhou força com seu apoio aos protestos antirracistas. Diferentemente de seu adversário em novembro, Biden tem grande experiência política. Foi senador pelo Estado de Delaware por 36 anos (de 1973 a 2009), antes de assumir como vice de Barack Obama –único presidente negro dos EUA.

O democrata de 78 anos também tem mais popularidade entre o público feminino. Ele já prometeu que escolherá uma mulher para ser sua vice. Se eleito, levará consigo a primeira mulher a ocupar um dos dois cargos mais importantes da política norte-americana.