Uma pessoa simpática e comunicativa. Essa era a impressão que a modelo goiana Bruna Cristine de Castro, de 25 anos, mais conhecida como Barbie, passava para as vítimas. Com seu charme, ela conquistava a confiança de possíveis clientes para a venda produtos importados. Mas a mercadoria nunca chegava.

A negociação era feita pelas redes sociais, por meio de perfis falsos. O titular da Delegacia Estadual de Defesa do Consumidor (Decon), em Goiânia (GO), Eduardo Prado, relatou que os golpes foram aplicados em moradores de Goiás, Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro. “Cerca de 20 denúncias foram registradas em Goiânia. Mas acredito que ela tenha aplicado golpes em pelo menos mil pessoas de vários outros Estados, inclusive no exterior”, disse.

O estudante Frederico Arantes Junqueira, de 24 anos, foi um dos lesados. Como a maioria das vítimas, ele visualizou a página de Bruna na internet. Vislumbrava adquirir um celular novo. A modelo afirmou que iria para o exterior e que poderia trazer o produto com um preço mais acessível. “Como cheguei a ir ao apartamento dela, entreguei mil reais inicialmente e ela me deu um recibo”, contou. “Mas durante a suposta viagem, Bruna me disse que poderia trazer um aparelho melhor por mais 500 reais. Como ela já tinha conquistado minha confiança eu fiz a transferência”, completou.

Os familiares de Frederico também se interessaram e encomendaram um perfume. No total, Frederico entregou R$ 1,7 mil para a golpista. Três meses se passaram e nada de receber a encomenda. “Ela sempre inventava alguma história”, relatou.

A maioria das justificativas, segundo a polícia, eram problemas familiares. “No casamento, com o filho e até de saúde. Chegou a dizer que o pai e ela estavam com câncer para conseguir dinheiro”, relatou o delegado Eduardo Prado.

Vingança

Embora ache pouco provável reaver o dinheiro, o estudante Frederico Arantes se diz vingado, já que Bruna foi encaminhada, ontem, ao 14º Distrito Policial de Goiânia. Ela responderá pelo crime de estelionato, tipificado no artigo 171 do Código Penal. “Pelo menos vai pagar pelo que fez”, concluiu.

Golpes

Durante o interrogatório realizado ontem na Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (Decon), a modelo Bruna Cristine disse que não se lembra de quantos golpes aplicou, mas a polícia estima que o prejuízo das vítimas chegue a R$ 300 mil. Em um único desfalque ela conseguiu R$ 15 mil do analista de sistema Ryan Balbino. A modelo teve um relacionamento em 2011 com ele. Anos depois, mesmo casada, manteve contato e disse estar com câncer para pedir dinheiro.

Há alegações de que ela chegou a enviar fotos de mechas de cabelo que teriam caído durante a quimioterapia. Ela teria, inclusive, gravado um vídeo com o filho de 4 anos supostamente machucado para aplicar golpes. No interrogatório, Bruna negou tudo. Disse apenas que Ryan teria dado o dinheiro “por livre e espontânea vontade”.

O delegado Eduardo Prado acredita que Bruna tem transtorno de personalidade. “Ela se envolve com homens casados e inventa situações para conseguir dinheiro”. Em perfil criado na internet por vítimas dos golpes, a modelo debocha da mensagem de um usuário que dizia que ela nem sonhava como estavam as investigações. Ao que respondeu: “Aguardo ansiosamente por esse dia. Meu orixá é forte.”