Um orfanato católico na Irlanda escondeu por anos uma fossa com corpos de 800 bebês e crianças enterrados sem identificação. Especialistas descobriram os restos mortais na sexta-feira (3) e investigam se os pequenos foram vítimas nos anos 50.

Exames de DNA revelaram que as crianças enterradas nas 20 câmaras da fossa tinham idade entre 35 semanas e 3 anos.

A investigação teve início após denúncia da historiadora Catherine Corless, que achou as certidões de óbitos das crianças residentes na instituição, mas nunca conseguiu encontrar os registros de enterro delas.

Desde então, foi instaurada uma comissão por autoridades locais para apurar a atuação do centro religioso.  Localizado na cidade de Tuam, o orfanato "Bon Secours Mother and Baby Home" funcionou entre os anos de 1925 e 1961 como um lar para crianças e mães solteiras jovens.   

O trabalho que vem sendo feito pela comissão apontou que as mulheres e jovens que moraram nas casas católicas e conventos viviam em estado de miséria, fome e tratamentos violentos, o que pode ter causado à morte de várias meninas e de seus bebês.

As jovens prestavam serviços de graça em troca da ajuda das freiras na gravidez e no parto. Quando os bebês nasciam, eram colocados em uma ala separada da de suas mães e entregues para adoção.

Em 2013, foi lançado o filme "Philomena" que narra um episódio inspirado em fatos reais ocorridos na Irlanda em 1952. Uma adolescente grávida foi mandada para o convento Roscrea e teve seu filho vendido pelas freiras católicas.

Em 2014, a mulher que inspirou o filme, a irlandensa Philomena Lee, reuniu-se com o papa Francisco, no Vaticano. Atualmente, ela está à frente do "Philomena Project", que tenta ajudar outras mães a encontrarem seus filhos e luta para que o governo irlandês promulgue uma lei que permita consultas a registros de crianças adotadas.