O vendedor ambulante Antônio José, uma das 14 pessoas mortas e seis feridos no sábado, 27, na chacina do Forró do Gago, na comunidade Barreirão, em Fortaleza no Ceará, gravou um vídeo minutos antes de ser executado promovendo sua venda de lanches. A chacina estaria ligada à guerra entre facções criminosas. A maioria das vítimas é mulher e, entre elas, há adolescentes. Neste sábado à tarde, um suspeito foi preso com um fuzil. 

Nas imagens do vídeo, aparece o filho de José, de 12 anos, que foi baleado de raspão na coxa direita. No vídeo de 15 segundos, Antônio José segura duas embalagens de maionese e ketchup enquanto diz: "E aí, galera. Vocês que estão nas paradas aí, se quiser (sic) merendar mais tarde é lá na banca do Forró do Gago. Vamos comer, gente". Ele costumava montar sua banca sempre às sextas-feiras em frente ao Forró do Gago, onde vendia salgados, caldo, café, água, refrigerantes e cigarro.

O filho dele, que o acompanhava no trabalho, foi um dos primeiros a serem atingidos durante a chacina. O menino levou um tiro de raspão na coxa direita e foi levado ao Instituto José Frota, o maior hospital de emergência de Fortaleza. Ele permaneceu por 30 horas em observação e recebeu alta neste domingo, 28, para acompanhar o enterro do pai. Continuam internados no IJF Central quatro feridos: duas adolescentes de 16 anos; uma mulher de 19 anos e um homem de 24 anos. Com isso, das 18 pessoas feridas na chacina, 13 receberam alta e cinco após cirurgia se encontram em quadro estável. 

Reunião

O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), comandou uma reunião de emergência desde as 11 horas, para planejar uma força-tarefa de combate à violência no Estado. Participam da reunião na sede da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) representantes do Ministério Público do Ceará (MPCE), da Defensoria Pública, do Tribunal de Justiça do Estado (TJCE), da Assembleia Legislativa e da Câmara dos Vereadores.

Também integram a mesa de elaboração do plano de urgência os secretários de Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, e o de Planejamento, Francisco de Queiroz Maia Júnior. 

A reunião é uma tentativa de o governo estadual responder ao ataque em uma festa de forró que teria sido organizada por membros do Comando Vermelho (CV). A responsabilidade pelo massacre é atribuída à Guardiões do Estado (GDE), facção criminosa rival. 

Caso

A festa acontecia na casa noturna Forró do Gago. Segundo testemunhas que pediram para não ser identificadas, por volta de 0h30 de ontem, homens chegaram em três carros e desceram disparando a esmo. Eles portariam espingarda calibre 12, pistolas calibre 40 e 9 milímetros e revólveres calibre 38.