No Brasil se comemora, nesta sexta-feira, 13, o Dia Nacional do Forró, data em que também é celebrado o aniversário de nascimento de Luiz Gonzaga, o eterno Rei do Baião. No Tocantins, um dos grandes precursores do ritmo é Manoel Pedra de Fogo, do sanfoneiro do Forró Pedra de Fogo, fundado em 1980.

Com mais de 50 anos de carreira, o sanfoneiro, natural do Maranhão, veio para as terras tocantinenses em 1974, lugar onde casou, construiu sua carreira e teve três filhos, todos músicos. “Antes de falecer, minha esposa também tocava e cantava, então eles já nasceram nesse universo”, contou.

O músico ressalta que o forró tocado pelo trio de que faz parte é o tradicional pé-de-serra, denominado por ele de ‘forró autêntico’, com influências de Elba Ramalho, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Dominguinhos, diferente de muitos produzidos na atualidade. “Algumas pessoas já chegaram a falar que tocamos um forró diferente, mas na verdade os outros é que tocam outra coisa e dizem que é forró. No Nordeste chamam isso de forró de plástico”, brincou.

Para ele, o público ao longo dos anos não mudou muito, porém, a linguagem trabalhada nesse gênero passou por muitas transformações ao longo dos anos. “É algo que eu costumo falar, não adianta querer fazer a roda ficar redonda porque faz tempo que ela está redonda e não adianta querer inventar. O forró é autêntico do seu jeito e tem muita gente que tenta fazer de outro jeito”, pontuou.

Ambientes

Para quem sobrevive de música, ter um espaço para divulgar o seu trabalho é essencial. Mário Xará, músico palmense de 30 anos, percebeu que, além da paixão pelo forró, o ritmo é também o que mais tem respondido ao seu trabalho, tanto pelo reconhecimento quanto pelo financeiro. “Muitas casas de show fecharam, outras abriram, e acaba que o forró, além de ser o que eu mais gosto de tocar, é o que mais está me dando retorno”, conta.

De acordo com o palmense, o forró possui um magnetismo capaz de agregar pessoas de diferentes idades, afinidades e de, ao mesmo tempo, movimentar os locais por onde passa. “Às vezes numa roda de samba é difícil encontrar alguém com cara de roqueiro, por exemplo, mas no forró é incrível, dá roqueiro, punk, boiadeiro. Aqui por si só não tem cultura de forró, um local que toque só esse tipo de música, mas mesmo assim, os bares estão percebendo o quanto é bom, o quanto dá gente e movimenta a casa”, ressaltou.

A abertura desses espaços para o forró é algo surpreendente e que a cada apresentação melhora, segundo Manoel. “Temos a sorte de tocar em vários lugares, até mesmo em bares temáticos de rock, locais que nem seriam do forró, e as festas estão se derramando de gente”, descreveu.

Independente de faixa etária ou de qual geração fazem parte, um pensamento é unânime entre os músicos: de que o bom forró nunca perdeu seu espaço.

Xará acredita que a música brasileira tomará o espaço dela em um futuro mais próximo. “A música boa, aquela com bom nível de poesia, arranjo, harmonia, mesmo não estando na sua melhor fase, sempre terá o seu espaço, tocará nos seus festivais, ela não para”, acrescentou.

“Falta espaço de divulgação, mas um forró de qualidade nunca perde seu espaço. E eu me sinto na obrigação de ser um representante dessa estrada e de Luiz Gonzaga, que era um professor nosso do forró, dos sanfoneiros”, finalizou.

Estilo de vida

Enquanto uns reproduzem o forró por meio de instrumentos, vozes e acordes, é com a dança que vários jovens palmenses têm desfrutado e levado o ritmo adiante.

Para Thiago José dos Santos, de 31 anos, o ambiente descontraído, a possibilidade de conhecer novas pessoas e sair da monotonia do cotidiano são alguns dos motivos que atraem as pessoas às aulas de forró. Professor de dança de salão há mais de dez anos na Capital, Santos percebeu o quanto dançar forró causa um impacto positivo na vida das pessoas.

“Muitos procuram as aulas de forró até mesmo como terapia após um divórcio ou adversidades da vida. A dança é utilizada como um instrumento para superar esses desafios. O bem-estar também está incluso nisso, a busca por estar mais saudável e em movimento. Fora os tímidos que querem ser mais expressivos”, relatou.

Nas aulas, o professor faz o máximo possível para não focar em idades e percebe que o preconceito de que dançar forró é coisa de “velho” já é ultrapassado. “Em Palmas hoje a procura dos jovens é muito maior do que há uns dez anos por causa de tantos eventos de forró espalhados por aí. Isso despertou neles o interesse em aprender a dança, os movimentos, os passos”, afirmou.