Morreu nesta quinta-feira (5), em Paris, o desenhista iconoclasta Siné, que por mais de duas décadas trabalhou no semanário satírico "Charlie Hebdo". Ele tinha 87 anos.

Sua trajetória na revista foi cercada de polêmicas. Uma delas o levou a ser demitido em 2008, após ser acusado de antissemitismo. O cartunista escreveu em uma coluna que o filho do então presidente francês, Nicolas Sarkozy, "iria longe" caso se convertesse ao judaísmo -o comentário foi considerado preconceituoso por intelectuais do país.

A morte foi anunciada na página de sua atual publicação, "Siné Mensuel", no Facebook. Segundo o comunicado, ele havia passado por uma cirurgia recentemente.

Siné nasceu em Paris em 1928. Ainda criança, cultivou sua desconfiança em relação às instituições consolidadas, como o Estado e a polícia, ao ver o pai submetido a trabalhos forçados.

Começou a estudar desenhos aos 14 anos e logo passou a publicar em veículos de imprensa.

Como ilustrador, trabalhou no jornal "France Dimanche" e na revista "L'Express". Recebeu em 1955 o Grande Prêmio do Humor da França.

Também chegou a ser cantor em um grupo de cabaré e lançou publicações próprias, como o "Siné Massacre" e "L'Enragé".

Entrou no "Charlie Hebdo" em 1981 e se tornou um dos principais desenhistas da revista. Assinava a seção "Siné Sème sa zone".

Depois da demissão, criou seu próprio semanário satírico, o "Siné Hebdo", que não conseguiu manter economicamente. Em 2011, a publicação foi transformada no mensal "Siné Mensuel".