Que a pandemia do novo coronavírus, causador da Covid-19, afetou o mundo inteiro, todos já sabem. Em graus menores ou mais elevados, ela impactou a vida e o cotidiano em todos os setores. Mas um dos que sofreu diretamente por necessitar do contato presencial para ter um pleno funcionamento é o Turismo e toda a cadeia da qual faz parte, principalmente aviação e hotelaria. As orientações relacionadas ao distanciamento social, extremamente indispensáveis para conter a infecção que matou quase 600 mil pessoas em todo o país, fizeram com que a grande maioria da programação turística fosse suspensa por mais de um ano.Em São Paulo, cidade considerada a capital financeira do Brasil e uma metrópole que nunca para, o setor do Turismo ainda sofre os impactos do coronavírus e precisa manter certos cuidados no sentido de conter a transmissão da doença.Mas a boa notícia é que, tomando os devidos cuidados, o setor está se reaquecendo. E para retomar com as programações, entidades enxergaram a necessidade de unir forças para aquecer novamente o turismo na capital paulista e interior, e ainda fomentar o interesse de paulistanos a voltar a viajar pelo país. Essa união para retomada conta com projetos realizados pela Fundação 25 de Janeiro, que tem as marcas São Paulo Convention & Bureau (SPCVB) e Visite São Paulo, e pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) com apoio da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.Novo perfil Em todo o país, segundo a Fundação Instituto de Administração (FIA) cerca de 46% das empresas nacionais adotaram a forma de trabalho home office, ou seja, aproximadamente, conforme o IBGE, 9 milhões de colaboradores realizavam suas atribuições em casa, de forma remota. Dessa forma, o número de viagens caiu drasticamente, afetando principalmente a aviação e a hotelaria, mesmo este último sendo considerado um serviço essencial. Na última quinta-feira, 30 de setembro, representantes de entidades paulistas realizaram uma coletiva de imprensa para expor números que mostram a recuperação do Turismo e novas estratégias para atender as demandas e toda a transformação do trade. O evento contou com a presença de Toni Sando, presidente executivo da São Paulo Convention & Bureau (SPCVB); Guilherme Miranda, secretário-executivo da Secretaria de Estado de Turismo e Viagens; Ruy Amparo, diretor de segurança e operações da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear); e Marcos Oliveira, coordenador comercial da Gol Linhas Aéreas.Segundo o representante do SPVCB, houve alterações no perfil do visitante que chega à cidade, mesclando o turismo de negócios com o home office. Pessoas passaram a buscar locais agradáveis e com alguma atração para realizar suas atividades de trabalho, o que o setor da hotelaria entendeu como uma nova fonte para captar recursos, diante da escassez de hóspedes. Assim, para agregar ainda mais ao cidadão que viaja até São Paulo para trabalhar mesmo que em home office, os hotéis passaram a oferecer experiências para que essa pessoa consiga se divertir nas horas de folga. Assim, conforme a entidade, o room office evoluiu e incorporou as tendências de ‘anyware office’ e ‘resort office’, ou seja, trabalhar em qualquer lugar e poder desfrutar dos serviços de um resort, como academias, gastronomia, além de poder fazer compras ou participar da agenda cultural da cidade.“Essa integração com o setor público e as ações com o privado fazem com que estejamos alinhados com o mesmo propósito. Geralmente o governo faz uma campanha, iniciativa privada faz uma campanha e não necessariamente tem o mesmo nome. Cada uma acaba explorando uma marca, um slogan, e isso se perde muito. Unificamos a linguagem para falar de São Paulo de uma outra forma. A forma como falamos e de São Paulo para todos, mostrando todos os seus atributos e sempre com uma forma coerente. Não importa quem seja o governante da época, importa é que o destino se sobressai às gestões privadas ou públicas”, explica Toni Sando.AviaçãoEssa união não abrangeu somente o setor local, mas também as empresas aéreas, que também sofreram forte impacto financeiro durante a pandemia. O medo do viajante em se infectar durante uma viagem gerou a queda por procura de passagens aéreas. Esse medo fez com que as empresas aéreas se empenhassem em garantir uma viagem mais segura, adotando diversos protocolos sanitários contra o novo coronavírus. Segundo o representante da Abear, Ruy Amparo, em abril de 2020, as empresas aéreas estavam com 8% do número de voos no Brasil, e só havia esse percentual devido a um acordo com a Anac para transporte essencial de equipamentos hospitalares e profissionais de saúde. Até janeiro foi possível aumentar o número de voos, graças ao início da vacinação, até setembro deste ano houve uma recuperação e o percentual de voos em operação subiu para 74%. “Devemos chegar muito próximo de 90% até o fim do ano. A cadeia do turismo foi fundamenta, porque cada pousada, museu ou lugar que criou uma segurança sanitária foi importante para ganhar a confiança do passageiro. A aviação também, porque teve que mostrar ao passageiro que temos segurança de voar e que os procedimentos são diferentes do que era antes”, diz Amparo, exemplificando um dos procedimentos, em que o sistema de renovação de ar dentro das aeronaves é comparado a centros cirúrgicos de grandes hospitais da capital paulista. “Trabalhamos junto com as empresas aéreas primeiro para criar segurança. É importante passar isso para o passageiro”, complementa.De acordo com Marcos Oliveira, da GOL, depois dos problemas gerados e a necessidade de adaptação durante os períodos de pico da doença, é possível enxergar novas expectativas para a aviação no pós-pandemia, e a companhia está olhando principalmente a questão da redução dos casos de covid e o avanço da vacinação e projetado um cenário bastante positivo até o final do ano. Em números, durante a pandemia, a Gol saiu de 900 para 50 voos diários no país, sendo que o transporte era voltado mais para transporte de material hospitalar e, inclusive, transporte de médicos de forma gratuita. “A gente se orgulha muito de ter ajudado nesse momento de dificuldade do país, de forma geral. Atualmente, tivemos 412 voos diários no mês de setembro, então houve uma evolução bem grande, e a expectativa é evolui mais até o fim do ano”, comenta o coordenador comercial da GOL.Umas das evoluções, ainda segundo Oliveira, é a possibilidade de atender demandas regionais em parceria com a Voepass. “Hoje a GOL voa praticamente para todas as capitais e os destinos regionais complementam a nossa operação doméstica”, diz, destacando que a concentração das operações ocorre nas regiões centro-oeste, sudeste e sul e para outubro, a expectativa é de 425 voos diários.TocantinsNo Tocantins, houve incremento na malha da GOL. Segundo a empresa, a quantidade de assentos no estado teve aumento 120% ano contra ano e há a oferta do Aeroporto de Palmas para Brasília, com dois voos diários neste ano, sendo que em setembro de 2020 era apenas um. Para o destino de Salvador, rota que não existia em 2020, há voos três vezes na semana. Ainda há a oferta de Araguaína para Brasília, com voos operados pela parceira Voepass.Para o destino de São Paulo saindo do Tocantins, há voos com conexões entre Brasília e Salvador, que desembarcam nos três aeroportos da capital paulista – Congonhas, Guarulhos e Campinas.A GOL ainda anunciou que haverá uma nova rota a partir de dezembro para Bonito (MS), com frequência de dois voos semanais. Para o exterior, como as viagens não dependem somente do planejamento interno para atender essa demanda, mas também das condições de abertura de fronteiras, a expectativa é a partir de novembro de 2021 sejam retomadas as operações.Roteiros em São PauloO estado de São Paulo precisou se reinventar para a retomada do setor turístico, após várias baixas. Em 2019, antes da pandemia, o setor apresentava um crescimento de 5,2% nas atividades e em 2020, quando o ‘pesadelo’ teve início, o número despencou para 19,8%. Passado o susto, houve uma recuperação gradual neste ano, de 9,3% e a expectativa para 2021 é de um crescimento de 10,2% no setor, levando em consideração a retomada de eventos como o carnaval, festas tradicionais, eleições e ainda o Reveillon, que não ocorrem há quase dois anos.De acordo com Guilherme Miranda, para este ano, o estado de São Paulo adotou uma série de iniciativas, aplicadas após o aumento da vacinação contra a covid e tomando os cuidados sanitários para evitar mais infecções, para atender os viajantes. “Se é que se pode tirar algo de positivo da pandemia é o aprendizado de como o paulista de certa forma se reinventou para conhecer o jardim da sua casa, ou seja, o interior de São Paulo”, comenta Miranda, ao mostrar gráficos que mostram crescimento em números do setor. Entre eles, a hotelaria registrou uma recuperação de 64% na Capital e 67% no Estado, sendo que a capital teve 47% de ocupação de leitos e o estado, 41% em agosto deste ano.Conforme a Secretaria de Estado de Turismo e Viagens, o fluxo nas estradas de São Paulo conseguiu recuperar 121,3% do movimento de 2019 nos finais de semana e nos terminais rodoviários da capital, houve a retomada de 60% do fluxo pré-pandemia. Além disso, houve a criação de mais de 15 mil empregos formais no turismo.Além da abertura de museus e pontos turísticos da Capital e visando o novo perfil de turista que visita o estado ou quem mora na região e quer conhecer mais da sua cidade, o governo de SP apostou no fomento dos Distritos Turísticos. O primeiro, instituído em decreto assinado pelo governador João Doria (PSDB) em setembro deste ano, é o de Olímpia, conhecida pelos parques aquáticos. São cidades que já possuem um potencial turístico e após ser tornar distrito, deverá investir em ações que impulsionem ainda mais o recebimento de visitantes. O próximo a ser criado será o de Serra Azul, que envolve os municípios de Itupeva, Louveira, Jundiaí e Vinhedo.Outros atrativos em que o projeto SP Para Todos investe é o Ecoturismo, Rotas Cênicas (em que torna as estradas parte da experiência do viajante por meio de paradouros, mirantes e skywalks), e de estruturas náuticas (que movimenta cerca de R$5,3 bilhões por ano e emprega aproximadamente 27,5mil pessoas). Para mais informações, quem tiver interesse pode acessar o site www.turismo.com.br/melhorespraticas.Outra novidade é a introdução de como ocorre o Turismo no estado para alunos do 6º ano até o ensino médio, com a oferta disciplinas optativas que mostram como funciona o equipamento turístico da cidade com o intuito de despertar no estudante o interesse pelo tema.“A ideia é mostrar para as crianças e jovens o que é esse turismo. Como fomos basicamente a zero, o senso comum começou a observar o que é e como faz falta para a economia de uma cidade, de um estado e país. Então queremos criar consciência nos alunos sobre o que é o que representa esse turismo, e criamos eletivas tematizadas”, explica Guilherme Miranda.Press TripPara anunciar o plano de retomada da cadeia produtiva do setor turístico e todas mudanças, a Fundação 25 de Janeiro, juntamente com os parceiros, convidou jornalistas de todo o País para vivenciar um pouco do turismo na capital paulista, marcado por boa gastronomia, hotelaria para todos os bolsos e ainda uma cultura pulsante através da história viva em museus. O Jornal do Tocantins esteve presente na coletiva e participou da programação voltada à apresentação do turismo na cidade. No primeiro dia, em uma visita ao Palácio dos Bandeirantes, atual sede do governo Estadual de São Paulo, os jornalistas puderam contemplar a exposição “Mulheres Modernas”, que apresenta um conjunto de 50 obras, entre esculturas e quadros de artistas como Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, que retratam as mudanças nos padrões acadêmicos da escola Modernista entre os séculos XX e XXI. Também é possível ver esculturas de Victor Brecheret e obras de outros artistas como Ismael Nery e Flávio de Carvalho.O segundo dia foi marcado por um passeio turístico pela cidade, onde uma guia explicou a origem de diversos bairros da capital paulista e a história de museus como a Pinacoteca do Estado, entre outros. O passeio ainda fez uma parada na Estação da Luz, estrutura belíssima construída em estilo inglês, que ainda abriga o Museu da Língua Portuguesa, que teve a visitação retomada no dia 31 de julho deste ano após obras de reconstrução e restauro.São três andares dedicados à língua-mãe dos brasileiros, suas origens e peculiaridades, mas que também abarcam outros idiomas presentes no país, graças à pluralidade de raças que formam o Brasil.Entre as atrações do Museu estão as exposições Línguas do Mundo, Laços de Família, Rua da Língua, Beco das Palavras, entre outras, onde o visitante consegue ter uma experiência mágica com os telões que possibilitam interação e mostram de onde vêm as palavras que formam o ‘super poder do ser humano’: o ato de poder se comunicar através de palavras.Também foi oferecido aos jornalistas um jantar especial em um restaurante com gastronomia italiana, em que o cardápio é de dar água na boca e o atendimento não deixa a desejar. Tudo para melhor atender o visitante que busca novas experiências culinárias presentes na capital onde a vida não para.Com essa experiência ofertada pela Fundação 25 de Janeiro e parceiros, realmente dá para sentir que São Paulo é para todos e está de braços abertos para receber os turistas. E, claro, com a contribuição de todos, não faltará segurança contra a Covid-19. (A repórter Patricia Lauris esteve em São Paulo entre os dias 30 de setembro e 2 de outubro a convite da Fundação 25 de Janeiro)-Imagem (1.2331038)-Imagem (1.2331039)-Imagem (1.2331041)