Ele voou como um colibri migrando do Planalto Central, para habitar esta terra morena chamada Tocantins.

Bem aninhado nestas terras que formam o coração do Brasil, ele fez sua alma voar leve pelas nuvens da criação, e com a sua imaginação criativa e fértil, fertilizou estas paragens de uma arte refinada e única, e fez o Tocantins levitar, transpor barreiras e ser reconhecido nacionalmente como um grande celeiro das artes plásticas, porque aqui havia um gênio.

Ele aprendeu logo a explorar com os olhos e o coração, as belezas naturais desta terra e a beleza inconfundível deste povo; a sentir o calor de um sol tropical, mas também se embriagar pela beleza do luar refletindo sobre o lago de águas tranquilas e mornas; a vagar como vaga-lume pelas encostas da Serra do Carmo, iluminando seu próprio ser de uma energia envolvente e alvissareira que o alimentava de amor, tudo era amor. Amor pelos contornos do relevo, amor pela imagem da cidade plantada lá embaixo, amor pela caminhada em meio à natureza viva e pulsante, amor ao céu que de repente se parecia tão perto.

Ele, de tão envolvido com a arte de inventar e com o fino canto natural do cerrado, encantou-se e continuou sendo pássaro, mais precisamente colibri, subiu bem alto, o máximo que podia e de lá voou para o céu, onde foi recebido por Deus em momento festivo, em plena sala de exposição de arte.

Nestes dias de tristeza, não haverá palmas para palmas, mas palmas para o Pierre que, cismou de continuar sendo colibri e, simplesmente voou para um lugar onde fazer arte e beijar o jardim da vida é ato contínuo e eterno.

Dourival Santiago é escritor/dramaturgo, imortal da Academia Tocantinense de Letras (ATL)