A Netflix suspendeu e depois recontratou uma funcionária trans que criticou o novo especial de comédia de Dave Chappelle nas redes sociais. A informação foi publicada pela revista americana Variety nesta terça (12).Segundo a Netflix, o afastamento dela e de outros dois empregados se devia à participação indevida dos três numa reunião trimestral do alto escalão da empresa. "É falso dizer que nós suspendemos qualquer funcionário por tuitar sobre esse programa. Nossos empregados são encorajados a discordar abertamente dos nossos produtos e nós apoiamos seu direito de fazerem isso", afirmou um porta-voz da plataforma.A funcionária em questão, Terra Field, é engenheira de software da plataforma. Nas redes sociais, ela afirmou que foi readmitida depois que uma investigação interna da Netflix chegou à conclusão de que nem ela nem os colegas que invadiram a reunião o fizeram com intenções ruins.Field havia acusado Chapelle de atacar a comunidade trans no seu stand-up mais recente, "The Closer". "Nossa existência é 'engraçada' para ele —e quando nós apontamos isso, somos os 'ofendidos'", escreveu ela no Twitter. Field ainda afirmou que Chapelle, que é negro, tentou jogar a comunidade trans contra outros grupos marginalizados.A suspensão dos três funcionários tinha levado Jaclyn Moore, produtora da série "Cara Gente Branca", também da Netflix, a anunciar seu desligamento da empresa nas redes sociais. Moore, que também é uma mulher trans, disse que não poderia continuar trabalhando na mesma empresa que Chapelle depois de ouvir as piadas transfóbicas de "The Closer".Em comunicado interno da empresa obtido pela Variety, o diretor-executivo da Netflix, Ted Sarandos, deu as diretrizes de como a chefia deveria lidar com o caso de Chapelle. Segundo o documento, ele é um dos artistas que mais gera audiência para a plataforma de streaming."Assim como em outros casos, nós trabalhamos muito para apoiar a liberdade criativa de nossos talentos —mesmo que isso signifique que haja conteúdos na Netflix que outras pessoas julguem como ofensivo", afirmou Sarandos.