Nesta quinta-feira (18) é celebrado o Dia Nacional do Livro Infantil. A data destaca a importância da leitura na vida das crianças e promove o acesso à literatura desde os primeiros anos de vida. Para comemorar o dia, o Jornal do Tocantins entrevistou escritores que trouxeram reflexões e iniciativas feitas por meio da literatura infantil.Para Francisco Neto, psicanalista, escritor e professor universitário, a literatura infantil atualmente assume um papel de extrema importância. Ele destaca que seu valor está ligado à percepção que a sociedade tem da infância e da criança.Leia também: Aulas em unidades do IFTO são suspensas após professores e servidores entrarem em greveGás de cozinha tem variação de preço de até 17,38% no Tocantins; veja pesquisa do Procon“Nem sempre nossa sociedade valoriza a infância. Até o século XVII, por exemplo, a criança era vista como um adulto em miniatura, portanto tratada como um pequeno adulto. Hoje temos uma maior consciência de que a infância é uma etapa específica da vida de uma pessoa. A criança tem necessidades específicas e que precisam ser atendidas para que ela se desenvolva de modo saudável“, explicou Francisco que é autor de obras literárias, que incluem dois livros infantis.Os escritores podem promover o contato com a literatura infantil de duas maneiras, segundo Francisco. A primeira com produções literárias que atendam às necessidades da criança, e a segunda, com participações ativas nos espaços onde possam interagir com o público infantil.“Hoje há as telas que disputam pela atenção das crianças e, no geral, as telas fazem mais mal que bem. Então precisamos estar à altura das exigências para agradar o público infantil”, disse. Zacarias Martins, poeta, cronista e jornalista, já publicou seis livros de poesia e um de crônicas. Em 2022 lançou seu primeiro livro infantil, "As aventuras de Gurupito". Ele enfatiza que o trabalho contínuo para promover a literatura infantil, envolve atividades como rodas de conversa, contação de histórias e piqueniques literários.Projetos como o "Leitura Viva" em Tocantínia, região central do estado, liderado pela Secretaria Municipal de Educação, têm obtido sucesso em estimular a leitura entre os alunos das séries iniciais nesse município, destacou Zacarias.“Os alunos que participam das atividades desse projeto, na sua culminância, têm a sua produção literária publicada em duas antologias, sendo a primeira, apenas de desenhos dos alunos da Educação Infantil, já que nessa fase, os alunos ainda não estão alfabetizados; e outra antologia de textos em verso e prosa para os alunos mais adiantados, tendo ainda, a participação da comunidade”, contou.Para Zacarias, apesar dos desafios inevitáveis, é fundamental que tanto as instituições públicas quanto as privadas ligadas à educação persistam em promover o hábito saudável da leitura. Dar destaque ao livro físico, que permanece incomparável na ampliação dos horizontes, pode ser uma ação para esse objetivo.“Lembro que países que foram pioneiros na implantação do computador em sala de aula, hoje, estão revendo esse conceito devido a consequências negativas no ensino-aprendizagem e na formação crítica dos alunos. Para minha surpresa, nos dias atuais, optaram pela volta do velho e tradicional livro físico”, relatou. Fabiana Correa, ilustradora desde 2017, dá vida aos personagens de obras como "O Gato Dom", "Você vai ganhar um irmãozinho" e "Eu sou capaz", este último em fase de editoração. Ela compartilha que busca sempre uma paleta de cor que chame a atenção e atraia a criança para aquela página para que ela consiga sentir e identificar o que está acontecendo, mesmo que ela ainda não saiba ler.“O ser humano tem muita essa ligação com outras expressões que se assimilam às suas próprias, então eu gosto muito de usar e abusar disso, e também da questão das cores, as cores elas têm um papel neurologicamente falando muito fortes, nós somos seres extremamente visuais”, destacou. Para ela, a parte desafiadora de ilustrar os livros é quebrar os padrões rígidos que, como adultos, desenvolvemos. “Isso é um desafio, mas um desafio maravilhosamente possível de vencer e realmente de desconstruir e tentar se ver como uma criança de novo com aquela linguagem muito mais simples e muito mais recente. Essa desconstrução da rigidez adulta e trazer para uma linguagem mais simples e ao mesmo tempo que tenha um segmento, que siga uma história, que tenha uma ordem correta, uma ordem cronológica de acontecimentos para mim, é o maior desafio”, finalizou. Diante dos relatos dos escritores, é possível perceber que a literatura infantil desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos pequenos. Além disso, estimula desde cedo a imaginação, criatividade e a compreensão do mundo ao seu redor.*Morgana Gurgel é integrante do programa de estágio entre Jornal do Tocantins e Universidade Federal do Tocantins (UFT), sob orientação de Raphael Pontes -Imagem (1.2783888)-Imagem (1.2783884)