Não é segredo para ninguém que os nazistas – e também os russos – saquearam milhares de obras de arte durante a Segunda Guerra Mundial. Quadros, esculturas, objetos de arte pararam nas mãos de pessoas que se aproveitaram do momento para furtá-los ou então em acervos de museus que, de forma deliberada ou não, incorporaram as peças roubadas às suas próprias coleções. O filme Caçadores de Obras-Primas, que estreia hoje (veja quadro), aborda esse aspecto da história da guerra que nem sempre é devidamente lembrado. Faz isso com humor, charme e uma constelação de estrelas.

Baseado no livro The Monuments Man (título da produção em inglês), escrito por Robert M. Edsel, o filme relata a história real de um grupo de 13 especialistas em arte, vindos de diversos países, que chegam à Europa em conflagração e já na decadência do nazismo com a missão de recuperar obras roubadas. É um trabalho que exige perícia, muito jogo de cintura político, conhecimento profundo na área e também coragem.

A guerra ainda não acabou e esses experts vão se expor a variados riscos para cumprir sua tarefa, mesmo já não estando exatamente na idade ideal para o combate. A comissão é liderada por um oficial norte-americano, Frank Stokes, que tem verdadeira paixão pelo mundo da arte, trabalhando também como conservador de peças raras. O papel coube a George Clooney, que assume a direção do longa e é seu principal produtor.

Com a enorme influência que construiu em Hollywood, Clooney reuniu um time de primeira para interpretar os outros papéis. Matt Damon vive outro membro da equipe de caçadores de obras roubadas, uma espécie de braço direito do líder da equipe retratada. Na verdade, ela era uma de muitas outras, totalizando mais de cem indivíduos, que percorreram a Europa desde o início dos anos 1940 atrás dos tesouros artísticos saqueados.

A turma inclui ainda o sempre excelente John Goodman (um dos mais carismáticos atores em atividade), o injustamente esquecido Bill Murray (aquele de Os Caça-Fantasmas e do excelente Chegadas e Partidas) e o vencedor do Oscar 2012 Jean Dujardin. Como a cereja do bolo, Cate Blanchett, numa participação especial.

roteiro

O roteiro ganhou ar mais descontraído, mesmo com um tema traumático para tanta gente. Por explorar um lado da história pouco conhecido da maioria, situações inusitadas puderam ser incluídas no roteiro. Clooney também é famoso por preparar pegadinhas para outros membros do elenco. Desta vez, ele aterrorizou o amigo Matt Damon, que na época travava uma luta contra a balança. Ele mandou as costureiras apertarem todas as roupas do galã, levando-o a acreditar que estava engordando semana após semana.

Os Caçadores de Obras-Primas não está na atual corrida pelo Oscar porque sofreu atrasos em seu lançamento, o que impediu que ele entrasse em cartaz até o final de dezembro do ano passado, regra fundamental para que uma produção seja indicada. Não deixa de ser uma ausência importante.

Além de ter no elenco a favorita à estatueta de Melhor Atriz este ano (Cate Blanchett), ele vem com o selo de qualidade Clooney, que no ano passado faturou o Oscar de Melhor Filme com Argo. Melhor para os que foram, de fato, indicados. Terão um senhor lobby a menos contra o qual lutar.