O MPF (Ministério Público Federal) no Rio decidiu processar a Globo, nesta terça-feira (3), por dano moral coletivo e discriminação racial por causa de uma esponja no formato de um homem negro, que havia sido colocada na casa do "BBB16".

O corpo do boneco servia como haste e o cabelo "black power" era a esponja.

"A representação do cabelo 'black power' como esponja de pia faz uma clara alusão ao estereótipo racista do 'cabelo para ariar panela' ou 'cabelo Bombril', servindo apenas para reforçar o preconceito, ainda intrínseco a muitos setores da sociedade, desde a abolição da escravatura", explicaram os procuradores Renato Machado e Ana Padilha Oliveira, autores da ação.

O MPF pede indenização de 0,5% do faturamento do programa, além de veiculação, no "Mais Você" -programa de Ana Maria Braga-, e no horário em que o "BBB" era exibido, de uma retratação da emissora pela utilização do boneco-esponja.

O boneco apareceu pela primeira vez antes mesmo de o reality começar, quando o "Mais Você" mostrou detalhes da casa. Daí a retratação ser feita também no horário da atração de Ana Maria Braga.

Apesar das reclamações de internautas e de movimentos negros, a Globo decidiu manter a esponja no programa. Ela só não foi usada para a limpeza porque um dos participantes, Ronan, que é negro, ficou indignado com o formato do objeto e resolveu "salvá-lo", apelidando-o de Will.

Em fevereiro, a Globo foi intimada a prestar esclarecimentos sobre o boneco pelo MPF no Rio de Janeiro, após ter recebido diversas reclamações. A emissora havia dito que a esponja fazia parte de uma coleção que retrata ícones de diversas culturas, incluindo uma moça descolada, um soldado da guarda inglesa e a Rainha Elizabeth 2ª.

Procurada pela reportagem, a Globo não se manifestou.