Conceição do Tocantins, uma pacata cidade localizada no Sudeste do Estado, a 294 km da Capital, ainda consegue preservar boa parte da sua cultura popular. A população, composta por pessoas humildes e bastante hospitaleiras, tem a clareza de que a identidade de um povo está justamente na sua cultura, por isso é tão importante mantê-la viva.

As manifestações culturais que existem na cidade são de origem religiosa, das quais se destaca a tradicional festa do Divino Espírito Santo, que acontece no mês de julho. Durante o festejo, a população praticamente dobra no município, isso porque os conceicionenses que moram em outras cidades, em outros estados ou até mesmo em outros países, retornam à sua terra natal.

A Igreja da Matriz Nossa Senhora da Conceição, uma obra de rocha construída pelos escravos, de 1741 a 1974, é um dos pontos que guardam grande parte da história do município.

Este ano, o evento aconteceu entre os dias 10 e 12. Neste período, o povo da cidade e do sertão aproveitou para agradecer ao Divino Espírito Santo e a Nossa Senhora do Rosário. Povo simples, humilde e de uma fé capaz de mover montanhas.

“São os pobres que chegam, são os fazendeiros, gente de outras cidades... todos eles sentem forte e firme a presença do Divino Espírito Santo. Isso que me encanta, me dá ânimo na minha missão como Irmã Pastorinha”, afirmou irmã Flora Roman, líder da igreja católica na cidade.

Festejo

Dona Nilda Bandeira Guedes, uma das principais responsáveis por manter a tradição e a cultura do município, explica como funciona o festejo. “Na sexta-feira, a gente faz a levantada do mastro da Senhora do Rosário, celebramos a missa e, após a celebração, tem os comes e bebes. No sábado, segue a missa do reinado do rei e rainha do rosário, pela manhã. O reinado segue até a igreja, onde acontece a celebração da missa e o lanche, que pode ser na casa dos festeiros ou atrás da igreja”, explicou, acrescentando que, no domingo, às 6 horas, tem a alvorada, com músicas e fogos. Em seguida, às 9 horas, o reinado sai da casa do imperador em direção à igreja. “O trajeto é abrilhantado pela congada (dança folclórica que tem origem na época dos escravos)”, disse.

O professor Drawlas Ribeiro da Silva, que este ano foi o imperador do Divino Espírito Santo, fala dos sentidos que esta festa tem. “Primeiro tem a religiosidade popular, a questão da fé, uma fé coloquial onde as pessoas, nos seus ritos, demonstram toda a sua devoção à Igreja Católica Apostólica. Segundo vem a parte social, bailes e lanches para o pessoal”, disse.

“Deus não dá as coisas na nossa plenitude. Ele dá mecanismo e possibilidades, oportunidade da gente desenvolver. Se a gente não enfrentar desafios, a gente não alcança a vida eterna. Então, a gente é lançado neste desafio, e quando a gente realiza a festa vem aquela sensação boa de você desenvolver determinado dom e conseguir concretizar a missão”, completa Silva.

Ele mostra preocupação com o futuro da tradição. “Faltam políticas públicas de investimento, de divulgação. Precisamos entender que o que a gente aplica em cultura, não é gasto, é investimento.”

Conheça a cidade!

População estimada (2014): 4.224

Área da unidade territorial (km²): 2.500,740

Densidade demográfica (hab/km²): 1,67

Gentílico: conceicionense