Paula Bittencourt
PalmasParaibana arretada, ícone da cultura popular brasileira, Elba Ramalho é sucesso por onde passa. Com carisma e voz que não deixam ninguém parado, a cantora tem mais de três décadas de carreira, 30 discos gravados e uma legião de fãs, inclusive no Tocantins.
Antes de subir ao palco do Arraiá da Capital, hoje, a partir das 23 horas, Elba tirou um tempo para conversar com o Jornal do Tocantins. Na entrevista, ela, que há muito tempo marca presença em eventos desse universo rico culturalmente, fala sobre a festa de São João, a carreira, a expectativa de voltar a Palmas e o novo disco, Do meu olhar pra fora.
Fazendo uma autoanalise, como você se definiria? Quem é Elba, o que te move, o que te inspira?
Eu me defino como uma cantora de música brasileira. Tenho imenso orgulho das minhas raízes e trago comigo toda esta herança nordestina. O que move? Vou reproduzir um trecho da música do Jorge Benjor que eu gravei em 2007: “Minha fé me faz a cabeça. Ela me faz com certeza.”
Falando em festa junina, como você avalia este movimento tão culturalmente rico, seja na música, na dança ou nas comidas típicas?
É uma pena que ainda não tenham entendido que esta é a grande festa da família brasileira. Como você disse, temos a música, temos a dança, as comidas típicas e toda uma tradição religiosa que se baseia nos dias santos do mês de junho. É uma expressão cultural que traduz a nossa família.
Você é uma das principais atrações do circuito das festas juninas no Nordeste. Como é sair desse eixo e vir para um local que está começando agora com essa tradição junina? É bacana perceber essa raiz nordestina sendo cultivada em outros cantos?
É muito legal fazer parte deste processo. Sempre que me apresento em Palmas, a receptividade do público é muito boa. Somos todos brasileiros e o nosso País é gigante. Precisamos conhecer os nossos costumes e nossas tradições.
Sobre o seu último álbum, Do meu olhar pra fora, como foi o trabalho de produção?
Foi um grande prazer trabalhar ao lado do meu filho, Luã. Ele produziu o disco em conjunto com o talentoso Yuri Queiroga. Jovens talentosos e antenados com tudo o que está acontecendo no mundo.
Como foi o processo na hora de escolher o repertório?
As participações são do Chico César e da cantora portuguesa Carminho. Sou a cantora que mais gravou Dominguinhos e ele sempre esteve muito próximo do meu trabalho. Era justo que suas composições estivessem neste disco também. E foram logo três composições de Dominguinhos. Como interpreto, tenho o privilégio de escolher a canção mais bonita. Acabo me apropriando um pouco das canções que canto.
E sobre a sonoridade pop contemporânea que chegou como uma novidade neste trabalho? Como funciona esta mistura de ritmos?
Funciona muito bem. Eu já havia trabalhado com Yuri Queiroga, no disco Qual o assunto que mais lhe interessa. O disco era ousado e moderno. Agora, em Do meu olhar pra fora, busquei esta mesma modernidade.
Na sua opinião, que legado a nova geração de músicos vai deixar? Como a música vem evoluindo?
Costumo dizer que céu tem muitas estrelas e nenhuma estrela atrapalha o brilho da outra. Existe espaço para todos. Temos uma juventude de muito valor que se mostra muito competente.
E você, qual será o seu grande legado? Qual marca você está deixando registrada na música e na cultura brasileira de modo geral?
Difícil dizer, mas posso afirmar que sempre procurei dar o melhor do que eu tenho, para o público. O público merece o que tenho de melhor. Seja aquele que sai de casa para assistir ao show, como aquele que ainda compra o disco. São mais de 35 anos de carreira, honrando as minhas raízes nordestinas. Reverenciando Luiz Gonzaga, cultuando Dominguinhos e procurando levar alegria por meio da música. Os prêmios conquistados são um reconhecimento.
Hoje estamos vivendo uma onda de protestos e insatisfação... Na sua opinião, como a arte pode contribuir para este momento?
A arte sempre foi espelho e martelo ao mesmo tempo.
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