Melhor filme, direção, ator, fotografia e som – foi assim, de baciada, que o longa A Febre, de Maya Da-Rin tornou-se o grande vencedor do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Levou ainda o prêmio da crítica. Fez-se justiça, a meu ver.A fábula “transteen” Alice Jr., do paranaense Gil Baroni, agradou em cheio e levou quatro Candangos – atriz, atriz coadjuvante, trilha sonora e montagem.Piedade, de Cláudio Assis, ficou com o Prêmio Especial do Júri, ator coadjuvante e direção de arte, enquanto o documentário O Tempo que Resta foi considerado o favorito pelo Júri Popular.Rã foi o melhor curta na decisão do júri oficial, enquanto a animação Carne ganhou o júri popular e o da crítica (Abraccine).Na Mostra Brasília, exclusiva para produções do DF, venceu o documentário Dulcina, também escolhido pelo júri popular. O curta Escola sem Sentido foi o vencedor em sua categoria, troféu também referendado pelo público.Na opinião deste crítico, o júri oficial (agora batizado de “júri técnico”) acertou ao concentrar os prêmios entre seus favoritos, sem recair no pecado recorrente dos júris nacionais, o distributivismo. Este se justifica apenas quando os concorrentes têm nível semelhante, o que não ocorreu em Brasília 2019.Já quanto à Mostra Brasília não dá para concordar com o resultado. Dulcina, sobre a atriz e diretora de teatro Dulcina de Moraes, parece ter vencido mais pela força da personagem que do filme.Quanto à formatação do evento, entendo que foi um acerto enxugar a mostra competitiva e torná-la representativa de várias tendências do cinema nacional. Poderiam ter caprichado um pouco mais na escolha, é verdade. Mas trouxeram, pelo menos, três filmes fortes para a competição nacional – A Febre, Piedade e O Tempo que Resta. Filmes presentes em outras mostras – como Dorivando Saravá, de Henrique Dantas, estariam melhor na competição principal.O festival foi marcado por manifestações, protestos e polêmicas – e nem poderia ser diferente nos tempos que correm. Mas atitudes autoritárias, logo na noite de abertura, determinaram o acirramento dos ânimos que perdurou ao longo de todo o evento. Segurança tentando tirar manifestante do palco, microfone cortado, discussões acirradas com realizadores na plateia são atitudes que recordam o tempo da ditadura – e não estamos precisando de mais lembranças sobre o período militar e o AI-5. Pegam mal, sobretudo num festival de cinema. Creditem-se os deslizes à inexperiência da equipe de produção, mas também expressam certa tendência autoritária, que deve ser revista.Os debates dos filmes foram em geral produtivos, alguns mornos, outros em temperatura máxima. O documentário O Mês que não Terminou foi muito contestado, assim como a ficção Loop. De certa forma, reproduziu-se o clima do ano em que Vazante, de Daniela Thomas, foi massacrado. Bem, o que se pode dizer é que cineasta que entra em competição tem de estar pronto para críticas. Hay que endurecer o couro. Mas também parece que alguns grupos só aceitam filmes segundo um determinado padrão de representatividade. Há uma linha fina e porosa que separa a crítica das imposições político-estéticas. Ainda precisamos aprender a separar uma coisa da outra e a urgência – muito real! – de certas questões não justifica a mistura das duas dimensões.Abaixo, a premiação completaMostra Competitiva – Longa-metragemMELHOR SOMA Febre, filme de Maya Da-RinEquipe de Som: Felippe Schultz Mussel, Breno Furtado, Emmanuel CrosetMELHOR TRILHA SONORAAlice Júnior, filme de Gil Baroni,Trilha Sonora de Vinicius NisiMELHOR DIREÇÃO DE ARTEPiedade, de Claudio AssisDireção de Arte: Carla SarmentoMELHOR MONTAGEMAlice Júnior, filme de Gil BaroniMontagem: Pedro GiongoMELHOR FOTOGRAFIAA Febre, filme de Maya Da-RinDireção de Fotografia: Bárbara AlvarezMELHOR ROTEIROO tempo que resta, filme de Thaís BorgesRoteiro: Thaís BorgesMELHOR ATOR COADJUVANTEPiedade, de Claudio AssisAtor coadjuvante: Cauã ReymondMELHOR ATRIZ COADJUVANTEAlice Júnior, filme de Gil BaroniAtriz coadjuvante: Thais SchierMELHOR ATORA febre, direção de Maya Da-RinMelhor ator: Régis MyrupuMELHOR ATRIZAlice Júnior, direção de Gil BaroniMelhor Atriz: Anne CelestinoMELHOR DIREÇÃO LONGA METRAGEMA febre, direçao de Maya Da-RinMELHOR LONGA METRAGEM JÚRI POPULARO tempo que resta, filme de Thaís BorgesPRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI – LONGA-METRAGEMClaudio Assis, pelo filme PiedadeMELHOR LONGA METRAGEM – MOSTRA COMPETITIVA (PRÊMIO TÉCNICO DOT CINE)A febre, filme de Maya Da-RinPRÊMIO SARUÊ – CORREIO BRAZILIENSEEscola sem sentido, filme de Thiago ForestiPRÊMIO ABRACCINE – MELHOR FILME LONGA METRAGEM COMPETITIVAO tempo que resta, filme de Thaís BorgesMENÇÃO HONROSAAry y yo, de Adriana de FariasBoca de ouro, de Daniel FilhoUm filme de verão, de Jo Serfaty Mostra Competitiva – Curta-metragemMELHOR SOMA nave de Mané Socó, filme Severino DadáSom: Guma Farias e Bernardo GebaraMELHOR TRILHA SONORAAlfazema, filme de Sabrina FidalgoTrilha Sonora: Vivian CaccuriMELHOR DIREÇÃO DE ARTEParabéns a você, filme de Andreia KaláboaDireção de arte: Isabelle BittencourtMELHOR MONTAGEMA nave de Mané Socó, filme Severino DadáMontagem: André SampaioMELHOR FOTOGRAFIAParabéns a você, filme de Andreia KaláboaDireção de Fotografia: João Castelo BrancoMELHOR ROTEIROCarne, de Camila KaterRoteiro: Camila Kater e Ana Julia CarvalheiroMELHOR ATORA nave de Mané Socó, filme Severino DadáMelhor ator: Severino DadáMELHOR ATRIZAngela, filme de Marilia NogueiraMelhor atriz: Teuda BaraMELHOR CURTA METRAGEM JÚRI POPULAR – MOSTRA COMPETITIVA (PRÊMIO TÉCNICO EDINA FUJII CIARIO)A Carne, filme de Camila KaterMELHOR CURTA METRAGEM – MOSTRA COMPETITIVA (PRÊMIO TÉCNICO DOT CINE E CINEMATICA)Rã, de Júlia Zakia e Ana Flavia CavalcantiPRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃESChico Mendes, um Legado a Defender, de João InácioPRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS – MELHOR FILME CURTA METRAGEM COMPETITIVASangro, de Tiago Minamisawa e Bruno H. CastroPRÊMIO ABRACCINE – MELHOR FILME CURTA METRAGEM COMPETITIVAA Carne, de Camila KaterMostra Brasília BRBMELHOR DIREÇÃOMãe, filme de Adriana VasconcelosMELHOR CURTA METRAGEM JÚRI POPULAREscola sem sentido, filme de Thiago ForestiMELHOR LONGA METRAGEM JURI POPULARDulcina, filme de Glória TeixeiraMELHOR CURTA METRAGEM – MOSTRA BRASÍLIA (PRÊMIO TECNICO EDINA FUJII CIARIO)Escola sem sentido, filme de Thiago ForestiMELHOR LONGA METRAGEM– MOSTRA BRASÍLIA (PRÊMIO TECNICO EDINA FUJII CIARIO)Dulcina, filme de Glória TeixeiraMELHOR DIREÇÃO CURTA METRAGEM – MOSTRA COMPETITIVAAlfazema, filme e direção de Sabrina FidalgoMELHOR EDIÇÃO DE SOMMito e música – a mensagem de Fernando Pessoa, filme de André Luiz Oliveira e Rama OliveiraEdição de Som: Laurent MisMELHOR TRILHA SONORAMito e música a mensagem de Fernando Pessoa, filme de André Luiz Oliveira e Rama OliveiraTrilha de: André Luiz OliveiraDulcina, filme de Glória TeixeiraDireção de arte: Ursula Ramos e Demétrios PinaMELHOR MONTAGEMAinda temos a imensidão da noite, filme de Gustavo GalvãoMontagem: Marcius BarbieriMELHOR FOTOGRAFIAAinda temos a imensidão da noite, filme de Gustavo GalvãoDireção de Fotografia: André CarvalheiraMELHOR ROTEIROMito e música – a mensagem de Fernando Pessoa, filme de André Luiz Oliveira e Rama de OliveiraRoteiro: Rama de OliveiraMELHOR ATOREscola sem sentido, filme de Thiago ForestiAtor: Wellington AbreuMELHOR ATRIZDulcina, filme de Glória TeixeiraAtrizes: Bido Galvão, Carmem Moretzsohn, Iara Pietricovsky, Theresa Amayo, Glória Teixeira e Françoise Fourton