Disponível online, a nova edição da fotobiografia “Bibi Ferreira, uma Vida no Palco” atualiza em duas décadas a vida e a carreira da artista. Essa versão ampliada do livro contempla trajetória de 77 anos de palco de Bibi, que deixou o nome marcado na história brasileira, e os nove anos após sua morte aos 96 anos.São 289 páginas com fotos de Wilian Aguiar, fotógrafo oficial de Bibi nos últimos 15 anos de sua carreira. Em sua primeira edição, no ano de 2003, a obra comemorava os 60 anos de carreira da atriz, completados em 2001.A novidade desta nova edição é que além da edição física também é possível ler gratuitamente uma edição ao online, disponibilizada em junho, quando Bibi faria 98 anos, sendo que serão vendidos apenas 800 exemplares.Também há a distribuição de 600 exemplares, de forma gratuita, para as bibliotecas públicas de várias cidades do País, conforme prevê a contrapartida social de acessibilidade da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), que disponibilizou parte dos recursos para a obra, que é uma realização do empresário cultural Nilson Raman.Confira a entrevista realizada pelo Jornal do Tocantins com o empresário Nilson Raman:1. Como foi a escolha sobre os momentos e histórias para a atualização do livro?A fotobiografia é um registro da carreira da Bibi e todos os momentos importantes estão documentados. A primeira edição foi publicada em 2003 e desde então mantive a documentação e o registro de tudo que fazíamos para o momento da publicação de uma edição atualizada.2. Como surgiu essa iniciativa de atualização da obra literária?A Bibi sempre trabalhou muito, mas muito mesmo, como você pode ver na fotobiografia. E eu como empresário dela e produtor dos espetáculos sempre guardei o material que pude. Tenho muitos registros em áudio, cenários, figurinos, documentos das produções e por ai vai. Quando foi em 2017 resolvi publicar uma edição atualizada, sem nenhum fator provocador, mas no processo e fechamento do livro Bibi resolveu parar de trabalhar e depois faleceu. Nesses dois momentos tivemos que intervir no projeto.3. Quais os aspectos principais da carreira, vida e personalidade de Bibi o livro apresenta ao leitor?A fotobiografia apresenta a mulher a artista, de forma plena e integral. Não tem um recorte específico, ou uma linha de apresentação. A proposta é que as pessoas percebam a pessoa e não apenas revejam sua trajetória.4. Como foi realizada a pesquisa para a ampliação do livro? E quais experiências esse processo trouxe para o livro?Desde o início da produção da primeira edição, em 2001, a equipe se manteve trabalhando. O processo de registro, de guarda de material e de fazer entrevistas com Bibi para nossos arquivos nunca parou esses anos todos. E nesse período, cada vez que entendíamos que já tinha material para fazer as um bloco do livro, ele era feito e guardado.5. Com relação as imagens, como ocorreu o trabalho de seleção das melhores fotos para a obra?O universo de fotos da Bibi é enorme. Seu acervo tem quase dez mil fotos. Mas uma boa foto é uma boa foto. Quando você bate o olho, ela já diz ao que veio. O que achamos de melhor para registrar sua história estão na fotobiografia.6. O livro está dividido em capítulos temáticos? Essa divisão e sua disposição tem algum significado específico?Não, separamos por momentos da vida de Bibi, os espetáculos, uma galeria com as personagens que Bibi mais gostou de fazer, assim o leitor pode escolher o tema que quer ler.7. Nilson, você conviveu muito tempo com a Bibi Ferreira. Que aspectos dela mais lhe chamaram a atenção e mais lhe marcaram?Foram 28 anos de trabalho, mas já a conhecia anos antes. É a maior referência profissional da minha vida, e entendo que sempre será a maior, porque foram muitos anos juntos, de muito trabalho, de muito sucesso, de muitos aplausos. De harmonia, de transparência, plenitude e acima de tudo amizade.Eu e Bibi, além das relações profissionais que foram super tranquilas, éramos muito amigos. Tivemos a chance de conviver muito tempo juntos.Bibi sempre foi generosa, engraçada, divertida, dedicada, na dela. Nos entendíamos de forma muito orgânica, simples, direta. Quando fomos trabalhar, a primeira coisa que ela me falou foi: “Tudo menos a mentira”. E isso foi balizador em toda a nossa relação.8. Você esteve aqui com o espetáculo em que Danilo Caymmi interpreta sucessos do seu pai Dorival Caymmi. Na época você revelou que seria Bibi quem faria este show e que teria sido ela quem indicou o Danilo. Como foi isso?Quando Bibi resolveu parar estávamos ensaiando o Viva Caymmi. Ela gostava demais das canções de Dorival Caymmi. E Bibi tinha estado com o Danilo em dois momentos, na gravação do CD Natal em Família, e depois numa apresentação de um concerto de Natal na cidade de Petrópolis. Nesses momentos Bibi teve chance de conhece-lo mais. Danilo é uma pessoa engraçada, culta, super de bem com a vida, e Bibi gostou muito dele. Quando falou em parar, ao mesmo tempo disse, mas o show não pode parar. Chama o Danilo para fazer que vai fazer muito bem. E deu super certo, o espetáculo agrada muito onde vamos.9. Antes, você esteve em Palmas onde Bibi apresentou “Piaf”. Lembra de alguma opinião dela sobre a cidade?Lembro da alegria da Bibi quando soube que o teatro de Palmas levava o nome da Fernanda Montenegro, sua grande amiga.10. De que você sente mais saudade de Bibi?Sinto saudade da risada, das tiradas dela, sempre muito atenta a tudo, observadora. Sinto falta do seu permanente exemplo de generosidade e humildade. Bibi sempre dizia: “Menos é mais”. Eu sabia que um dia a nossa história acabaria, e nos últimos anos sempre tinha a consciência que estava fechando essa história. Me dediquei de forma muito plena, inteiro, comprometido. Ela era a maior, e eu sabia da oportunidade que eu vivia. Eu sempre falava para ela: “Você me faz sentir maior do que eu sou”. E era isso que eu sentia.Mas a sensação que eu tenho é que as pessoas morrem, mas ficam vivas dentro de você. Eu tenho a Bibi em mim. Quando choro, são pelas boas lembranças e por tudo que tive a oportunidade de viver ao seu lado. Fui muito feliz por tudo que vivemos.