Michelli Provensi tem o biótipo perfeito para a profissão modelo: é alta e magra. Ela entrou no universo da moda com apenas 16 anos, influenciada pela irmã, antenada, que a incentivou a se candidatar em um concurso de modelo. Ela se arriscou e acabou conseguindo um contrato com uma agência e foi para São Paulo trabalhar, desfilou pelos quatro cantos do mundo, viajou muito, teve contato com várias culturas e acabou de escrever um livro.

Preciso Rodar o Mundo - Aventuras Surreais de Uma Modelo Real fala sobre as aventuras de ser modelo, como funciona o mercado e ainda dá conselhos para quem sonha com a profissão. Uma leitura para pais, jovens, empresários e entusiastas da moda, pois a visão da modelo traz, além do olhar pessoal, a realidade deste universo cheio de glamour. Em um bate-papo descontraído, Michelli falou da sua vida, agora traduzida em um livro.

 

Você começou a carreira de modelo com 16 anos. Como você entrou nesse universo e o que é preciso para ser modelo?

Foi uma coisa do acaso. Eu resolvi escrever o livro para contar a minha história porque todo mundo tem a curiosidade de saber como começa a carreira de modelo. Primeiro, você tem que ganhar na loteria da genética, tem que nascer um pouco para isso, porque não adianta, você tem que ser magra e alta. E a minha irmã acompanhava sites de moda e tinha o olhar mais voltado pra isso. E aí ela falou que eu era alta, magra e me perguntou por que eu não tentava ser modelo, e eu disse que não, me achava feia, tinha baixa autoestima, mas daí ela viu um concurso no Diário Catarinense e o ganhadora iria assinar um contrato com uma agência e iria para São Paulo. Meu sonho não era ser famosa, meu sonho sempre foi viajar. Vi na carreira, uma oportunidade. E então, eu fui pesquisar o que era ser modelo e comecei a ver a coisa da modelo fashion, que viaja bastante e mandei minha foto para o concurso. Fiquei em segundo lugar e ganhei um contrato com a agência de São Paulo e fui pra lá.

 

No início da carreira, muitas meninas desistem da profissão. O que é mais difícil no começo?

Primeiro, você é muito nova e existe muita pressão do mercado - o mercado exige que você seja mulher, mas você ainda não é, ele exige que você se vista de uma forma, acompanhe as tendências e a cada seis meses aquela tendência muda. É como se o seu currículo perdesse valor e ao mesmo tempo, você tem que ter personalidade. E você fica ali naquele meio e surgem os conflitos, de quem eu sou, o que eu faço e tal.

 

Qual foi sua primeira viagem internacional?

O primeiro país que eu fui foi o Japão, que é pra onde geralmente as meninas mais novas vão e é onde eles (agência) tem mais cuidado, até pelo fato da língua ser muito difícil de aprender e, então, eles acompanham em todos os teste. Depois, eu fui pra Londres, Paris e não parei mais.

 

E o glamour, ele aparece somente ali nos cinco minutos de passarela ou a vida de modelo tem esse glamour que as pessoas imaginam?

Acho que glamour é ponto de vista. Eu vi alguns aspectos glamourosos na minha carreira quando, por exemplo, eu fiz um desfile na China, do Yohji Yamamoto, dentro da Cidade Proibida à noite. Se eu não fosse modelo naquele desfile, eu não estaria naquele lugar. Isso eu considero glamour, de você às vezes ter a oportunidade de conhecer alguém da moda que você admira, mas é pouco, é muita ralação. É um trabalho normal, e eu tento frisar isso no livro. E como em toda profissão, depois que você batalhou bastante para conseguir o seu espaço, você vai ter reconhecimento. E com o reconhecimento, você vai ter um pouquinho de glamour, como em qualquer profissão.

 

Então tem muito trabalho para conseguir este reconhecimento, como em qualquer outro mercado?

Tem sim. Imagina que é como se você tivesse que pedir emprego umas 30 vezes por dia, sabe? E, às vezes, você é alta, magra e linda e não tá no lugar certo, na hora certa, porque é uma profissão que você depende muito de um terceiro apostar em você. Além de ganhar na loteria da genética, você tem que ter sorte e persistência.

 

O que é ser uma modelo real?

Uma modelo real é aquela que encara a profissão como um trabalho mesmo e que está ali esperando o seu momento chegar. Uma modelo real é aquela que não fica triste porque não pegou uma super campanha ou fez o desfile mais famoso que tem, mas você vê isso como a oportunidade de trabalho. Você vai conhecer outros países, outras culturas e, quem sabe um dia, a sua hora chega. E se não chegar a hora dessa campanha gigantesca, tudo o que você aprendeu já valeu. Modelo real encara tudo como trabalho mesmo.

 

E as aventuras surreais que você fala no livro, entram nesse contextos das novas culturas, possibilidades e viagens?

Sim, são estas coisas que acontecem. Você é muito nova e está solta no mundo e, se você for curiosa, as coisas vão acontecer, sempre vai ter alguma coisa acontecendo que pode ser surreal para qualquer outra pessoa.

 

No seu livro, você fala tanto para quem quer ser modelo como para os pais. Qual a influência e a necessidade da família nessa profissão?

A base da família é muito importante. Porque eu vi muitas meninas começarem e a família até atrapalhar um pouco na carreira, porque a menina começa a ganhar um monte de dinheiro, trabalha um monte, só que a profissão é muito instável. Você pode fazer tudo nos primeiros seis meses e ficar os outros seis sem fazer nada, mas e se você não guardou o dinheiro?

 

O livro aborda essa questão da educação financeira da modelo, por quê?

A maioria das meninas não sabe, mas você tem que pagar imposto em todos os lugares, paga sempre mais de um aluguel, um em Paris e outro em Nova Iorque ou São Paulo. É uma profissão que você ganha bem, mas você gasta muito bem também. E ainda tem que investir no seu produto, que é o seu corpo. Então, tem que ter acompanhamento de nutricionista, academia, ir ao dermatologista, essas coisas.

 

Você fala muito sobre personalidade. O que você poderia dar de dica para as meninas que sonham em ser modelos, mas não conhecem este mercado e, às vezes, ficam se matando para entrar no estereótipo necessário para a profissão?

Acho que primeiro é preciso se aceitar e ver se a sua estrutura realmente combinam com o mercado, porque não adianta se matar para entrar no mercado e depois gastar todo o dinheiro que conseguiu no médico. Se você entra no padrão, no mínimo que seja, tem o direito de tentar. E tem que ser curiosa, pesquisar. Entrar na internet e saber sobre as pessoas com as quais você vai trabalhar e se tem qualidade.

 

Neste mercado, você entrou em contato com muitos estilistas e pode vestir muitas coisas, mas qual é o estilo da Michelli?

Meu estilo é aquele que você está confortável, mas elegante.

 

Obra

O quê - Preciso rodar o mundo Aventuras Surreais de Uma Modelo Real

Autora - Michelli Provensi

Editora - Da Boa Prosa

Págs - 235

Preço sugerido - R$ 31,90