Consideradas redutos da cultura africana, as comunidades quilombolas enfrentam grandes desafios na atualidade, sobretudo com a população mais jovem. Em busca de melhores oportunidades de estudo e trabalho, muitos jovens precisam deixar os quilombos, se afastar de suas famílias. É o caso da estudante universitária Aline Crisfamo de Almeida, 21 anos, que desde os seis anos de idade só passa as férias com os pais, na comunidade quilombola Baião, município de Almas, Sudeste do Tocantins.

 

Para Aline, que se considera parte da comunidade, a necessidade de deixar o quilombo onde nasceu para estudar foi o maior desafio. “Não tinha escola na comunidade e por isso tive que morar na cidade (Almas), mas nos fins de semana e nas minhas férias sempre procurei fazer parte de tudo”, destacou a jovem, que atualmente mora em Palmas para cursar faculdade e trabalhar.

 

O pesquisador Wolfgang Teske reconhece que a necessidade de muitos jovens de sair dos quilombos para estudar e trabalhar é um desafio. Por outro lado, ele defende que muitas dessas pessoas continuam fazendo parte da comunidade quilombola e se esforçam para participar das manifestações culturais, preservar a religião, a culinária e os costumes.

 

Lagoa da Pedra, município de Arraias, também no Sudeste do Estado, destaca a importância da preservação da cultura quilombola. “O Brasil tem uma dívida histórica com essas comunidades e por isso precisamos de políticas públicas que colaborem com a sobrevivência da riquíssima cultura quilombola”, defendeu o pesquisador.

 

Ainda de acordo com Teske, descendentes de escravos da comunidade Lagoa da Pedra, que hoje moram em Arraias ou em outro município, fazem questão de preservar suas raízes. Segundo ele, muitos ainda participam das atividades da comunidade, sobretudo, das manifestações culturais tradicionais entre os meses de maio e junho.

Quilombos

São os locais de refúgio utilizados pelos escravos fugidos de engenhos e fazendas durante o período colonial e imperial. Muitos quilombos foram criados no Brasil e centenas deles ainda existem, formando o que hoje é chamado de comunidades quilombolas.