A paçoca é algo feito e muito consumido em todo o Brasil. O chambaril é muito popular no Nordeste, especialmente no Maranhão. A catira é muito mais goiana do que nossa. Mas entre tantas expressões legítimas da cultura tocantinense, sem pestanejar, poderíamos citar o artesanato feito com o capim dourado e o Passarim do Jalapão, Dorivã.

Afora o hino que conta as coisas do nosso deserto cheio d’água, Dorivã e o artesanato com capim dourado têm muito mais em comum. Ambos se aprimoraram com o tempo, ambos sempre existiram por aqui, mas se tornaram muito mais conhecidos, ambos chegaram a sofrer do mesmo descaso e renasceram pelo próprio talento, e por tal, brilham naturalmente.

Seja do Jalapão, de Cristalândia, de Palmas ou de Gurupi, com a mão de pilão que toca o violão do jeito que a gente só vê na roça, Passarim canta na toada a nossa maior manifestação religiosa, ou nas baladas os versos dos nossos maiores poetas, a lua do distrito ou choro do nosso principal rio.

Quem ouvir seus últimos três álbuns com bastante atenção, perceberá a nítida evolução técnica do compositor e do intérprete, que trata das coisas do amor, sem esquecer da sua terra, de seus costumes, de sua cor e sua cara de índio.

Dorivã é um dos expoentes que vivenciamos por aqui. E é bonito ver um batalhador que canta insistentemente o regional, remando - sempre revestido de humildade inconteste - contra a maré, reinventando-se a todo instante, cantando as coisas lindas de um povo que, muitas vezes, o mesmo povo desconhece.

Não é questão de justiça. Não é questão de regionalismo. É por valor. Quem ama o Tocantins e as coisas daqui deveria ter na estante um disco de Dorivã.