Rosalvo Leomeu
Advogado, jornalista, escritor e artista plástico
 
A  vida é  um sonho, diz Calderón de la Barca
E crendo nisso D. Luis de Mascarenhas
E Felipe Antonio Cardoso deram as senhas
Para  Domingos Pires (1740)
Traçar uma  nova arca
Cheia de tesouro ,
De pepitas de ouro
Que forjaram novas  sinas
Para uma cidade cheia de colinas.  
Do sangue nativo do Boqueirão dos Tapuios,
Do sangue escravo  da Chapada dos  Negros
E  do   sangue  migrante dos    lusitanos,  
Deu-se uma na ferradura e outra nos  cravos
Porque se  fez   cadinho de  uma raça de bravos    
Na segunda  mais alta  urbe     da Região  Norte
E o povo  arraiano se  tornou antes de tudo um forte.    
 
 
Passada a euforia   e o suor das   minas, 
Com   múltiplas inteligências  cristalinas
O s arraianos viram  com   certeza
Uma   segura nova fonte de riqueza
Na educação das novas gerações;
Um  sonho que seguiu aos borbotões
 Nos  grotões do  tempo  colonial
Para se firmar no período imperial
Com as aulas de  educação  primária
De  Antonio Ribeiro da Fonseca(1832),
De José Nunes de Araújo (1886),
De  Anna Rosa de Freitas  ( 1886),
Mestres de uma lide centenária.
 
Ricarda de Alcântara e  Silva ( 1882-1921)
Cruzou com a gripe  espanhola,
Uma tremenda besta fera,  
Uma pandemia sem marola
E onde o mantra já era
 Evitar multidão e lavar a mão.
Mas ela não pediu arrego
E nem procurou sossego.
Manteve  espírito de luta
Com 39 anos  de  labuta,
De  plena  maestria  escolar
Como mulher de espírito ímpar,   
Uma guerreira  de saias
Entre  Taguatinga e Arraias.
 
Como diria Luiz  Vaz de Camões,
Na República “novos tempos  ara”
E  mais longe Arraias    já  chegara
Com a Escola Pública de Português e Francês,
Com uma oficina de  francês e português
Sob a regência de um poliglota inovador,
Sob a batuta do  juiz, jurista  e professor
Doutor José Brasílio da Sliva Dourado (1904)
Com competência e talento no seu costado. 
 
 
Não se podia arredar do batente,
Mas era  preciso seguir em frente
Em uma nova escola primária
Largando  velhos estigmas
Com novas ideias e paradigmas
Ministrados
Decodificados
Revisados
Por  Dalila Dourado Baptista (1929),
Por Adelina Ribeiro de Magalhães (1929),
 Seguidas  pelas normalistas,
Novas mestras e ativistas
Oriundas e egressas  
Da  Escola Normal  de Porto Nacional (1923),
Do antigo Porto  Real de tanta glória,
Que  badalaram um novo sino
Empunhando   o bastão do ensino
Nessa  corrida das  Letras e da História
 
 
O   Dr. João d’Abreu  enlargueceu a  visão
Com  as Irmãs de  São Domingos  de Gusmão
Seguindo os passos de Mère Anastasie
No Instituto Nossa Senhora de Lourdes (1958)
Que foi para a região um farol,
Formando   gerações  de escol ,
Tocando    humanísticos   acordes
Com mensagem cristã  concordes.
 Seguindo essa esteira de luz  veio   a   Unitins (1991)
E depois a  Universidade  Federal do Tocantins (2000)
Que é   candelabro   no Sudeste  tocantinense,
 Que é   luminária  para o Nordeste de Goiás
Que é   candeia  para os baianos dos   Gerais.
 
Dentro do  inconsciente  coletivo
Está desenhado   pra   se ver
Que a Cidade das Colinas quer ser
Para novos Sócrates uma  Ágora;
Para novos  Aristóteles um Lyceu;
Para novos  Platãos uma Academia
No passo, no compasso e sintonia
De uma   visão hodierna  e global
Da defesa  amazônica e ambiental ,
Com  um ideal  que  enseja
Ser inscrito em um obelisco
Com as teses  de  Francisco
Em Louvado Seja.
Este é o sonho de Arraias.
Este é o futuro de Arraias.