O sentimento do brasileiro na defesa do seu clube de coração é secular. Na mesma época em que surgia algumas confusões no futebol, em Gurupi e região as brigas já eram famosas nos campos e estádios de futebol pelo Brasil. Os mais veteranos torcedores devem se lembrar de um dos jogadores mais famosos em confusões, Almir Morais de Albuquerque (Recife, 28 de outubro de 1937 —Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1973) ou Almir Pernambuquinho. Almir em campo era sinônimo de confusão. Ele atuou em vários clubes brasileiros como o Vasco, Corinthians, Flamengo e o Santos onde foi campeão mundial interclubes de 1963.  Apesar de ter sido um bom jogador, em campo foi um exemplo ruim, exemplo que, ainda, persiste por todos os cantos do Brasil e do mundo.

Na década de 60 a comunidade da então pequena cidade de Gurupi sentiu um pouco do efeito “Almir”. Era um belo dia de domingo, sol de rachar a moleira, os amantes do futebol da pequena Gurupi, aguardavam em pé, à beira do campo de futebol, localizado na Praça da Igreja Matriz de Santo Antônio pelo mais comentado e esperado encontro futebolístico do lugar. Entre as diversas pessoas que se aglomeravam para ver as duas equipes de amigos da cidade a se enfrentarem, tinham aqueles mais críticos e os que queriam mesmo era curtir o momento. Uma das equipes vestia uniforme com as cores do Flamengo e a outra com as cores do Vasco, equipes de maior torcida entre os jogadores.

Em Gurupi só existia bares e o campo de futebol, como opções de diversão. Nas tardes de domingo todos se dirigiam para a praça, onde, certamente, era garantia de encontro da comunidade jovem. As moças vestiam seus melhores vestidos, sempre protegidas com guarda-sóis multicoloridos. Os homens não deixavam por menos, além da melhor roupa trabalhavam um bom topete no cabelo para despertar as moças bonitas do lugar.

Naquele domingo especifico, era dia de festa para o município. A partida de futebol fazia parte das comemorações de inauguração do Fórum da cidade. Era uma das primeiras obras do prefeito Francisco Henrique Santana, mais conhecido como Chiquinho Santana. A obra era localizada na Avenida Piauí entre as ruas 1 e 2.

A moçada das duas equipes, dentro de campo, fazia uma partida tranquila. Apesar do campo careca, sem grama, não oferecer boas condições de jogo e a bola capotão já meio surrada, os dois times mostravam equilíbrio. Mas não demorou muito para que a paz que reinava em campo, se transformasse numa grande confusão. O jogador Delaíde e um de seus adversários iniciaram uma discussão decorrente a uma jogada mais dura entre os dois. Os assessores do prefeito até que tentaram dissolver a confusão e afastar os brigões. Mas Nelson Babão, que era vereador da cidade, apareceu querendo briga com todo mundo. Rômulo, que fazia parte de uma das equipes que estava jogando, pediu ao Nelson para evitar a briga, mas o moço queria mesmo confusão e avançou para pegar o Rômulo. Só que Nelson se deu mal, Rômulo deu-lhe uma gravata no pescoço e a turma contrária ao Nelson aproveitou o momento e cobriu-lhe de pancadas e pontapés. Após muita confusão conseguiram tirar Nelson dos braços de Rômulo. Depois dos ânimos acalmados, Chiquinho do mercado, cunhado de João Paraibano, fez uma observação que provocou risos em todos que estavam ao redor. Ele disse que nunca tinha visto uma língua tão grande e preta, que a língua de Nelson parecia a língua de um tamanduá.

A partida que parecia ter acabado, continuou e foi até o seu final sem que houvesse outros problemas, mas durante os dias seguintes foi comentada em todos os lugares da cidade.