Cinco premiações em três anos de projeto, o Eu Faço Cine na Escola vem sendo destaque em festivais de cinema regionais e nacionais. A iniciativa é um trabalho com práticas audiovisuais com o objetivo de melhor a leitura e a escrita de alunos de duas escolas dos distritos de Buritirana e Taquaruçu, em Palmas. “Meus alunos tinham muita dificuldade e era preciso motivação, como solução levei o audiovisual. A ideia deu um resultado interessante”, conta o professor Ademir Bandeira, idealizador do projeto há três anos.

Após o primeiro resultado positivo, o projeto ganhou “corpo” e o coração do alunos, Bandeira se capacitou com cursos e materiais online sobre fotografia, edição, roteiro para repassar aos alunos. “Avançamos com a produção de filmagens em eventos e ações nas escolas, foi então que eles começaram a escrever roteiros e planejar as reportagens”.

Com cerca de 300 alunos envolvidos nas escolas Sueli Reche (Buritirana) e Luiz Nunes (Taquaruçu), atualmente o projeto tem 22 produções disponíveis no Youtube e Facebook. “Não temos uma obrigação de produzir periodicamente. O audiovisual é um conteúdo das minhas aulas e conforme as ideias surgem vamos produzindo”.

Crescimento

Já no primeiro ano , os alunos do projeto em Taquaruçu produziram o curta-metragem, Meninos da Serra, que foi premiado no Festival de Cinema Você na Tela da Fundação Cultural de Palmas (FCP). “Gravávamos com equipamentos simples, celular e microfones confeccionados com fones, mas com o tempo adquirimos materiais melhores e próprios para gravar ”.

Logo depois, foi o filme Mundo de Jéssica apresentado no II Congresso Brasileiro de Vídeos Estudantil (2017). Em 2018, o grupo produziu mais e avançou em festivais pelo País. Foram cinco premiações no Você na Tela com o terror A Lenda do Urso Mal Assombrado de Raposa Serra do Sol (Buritirana) e duas com o documentário O Sol de Pôs, Vamos à Escola (Taquaruçu) nos festivais de Cinema Estudantil de Guaíba e Internacional de Cinema Estudantil (Cinest).

Conquistas

Mesmo com o reconhecimento nos festivais, para o professor Bandeira, a maior conquista são os frutos dentro das salas de aula. “A produção dos alunos melhorou e eles estão mais incentivados a ler e escrever. O desejo de filmar impulsionou a produção textual”, relata, mas declara que o mérito não é só do projeto, mas do conjunto de ações que escolas desenvolvem.

“O projeto é autônomo, não temos nenhum recurso, mas sem o apoio da comunidade não teríamos chegado até aqui”. Segundo o professor, pesquisa, escrita, roteirização, gravação são realizadas durante as aulas, quando os jovens dividem as das tarefas a partir de suas afinidades e habilidades. E como toda iniciativa de sucesso, o projeto já tem novos planos: “começamos a escrever um novo roteiro de ficção: As cartas de Aurelia”.

Futuro

A estudante Raylane do Amaral, de 14 anos, há dois anos no projeto contou que ela e os colegas, não esperavam tanto sucesso. “Achamos que seria simples, mas aquilo se tornou legal e fui me apaixonando”, afirma ela, que tem o sonho de ser jornalista. Para ela ainda, a iniciativa mostrou a importância do respeito e a necessidade persistir com seus sonhos.

Produções

O que já produzido pelos alunos:

Mel e o Anjo

- Melina narra o dia a dia de sua família e a morte inesperada do irmão.

Amigas

- Fala de amizade, separação entre amigas. Companheirismo e reencontro.

A Lenda do Urso Mal Assombrado de Raposa Serra do Sol

- Uma aluna brincava com seu urso de pelúcia mas o deixou na areia, onde foi enterrado e passou a assustar as crianças.

O Mundo de Jéssica

- Trata do namoro precoce contando a história de Jéssica, que pensa que há momento certo para namorar.

O Sol se Pôs, Vamos à Escola

- Documentário apresenta a realidade e o esforço dos alunos da EJA/Promera Campo.