Envolto em uma disputa fundiária entre uma comunidade autodeclarada quilombola desde 2014, e fazendeiros que reivindicam a propriedade de fazendas em pelo menos duas ações judiciais recentes, o imóvel rural onde reside a Comunidade Rio Preto possui um cemitério centenário. Os túmulos, jazigos e caixões são artesanais feitos de pedra. A informação partiu da Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais, na terça-feira. Em entrevista ao Jornal do Tocantins nesta quarta-feira, 18, a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Cejane Pacini Leal Muniz, disse ter participado de uma vistoria no local na segunda-feira, 16. Conhecido como Campo Santo, na região chamada de Bom Jardim, da Comunidade Quilombola Rio Preto, no município de Lagoa do Tocantins, o cemitério tem enterros com datas escritas nos túmulos desde 1911, mas é possível que haja lápides ainda mais antigas.“No entanto, através dos relatos orais, o tempo é maior, mais de cem anos que tem de enterro, considerando que as pessoas que residem ali, no quilombo, com 82 anos, até seus avós foram enterrados naquela área”.De acordo com a arquiteta, a vistoria ocorreu após uma demanda apresentada pela Secretaria dos Povos Originários e Tradicionais, acompanhada da diretora de Proteção aos Quilombolas da pasta estadual, Ana Mumbuca. “Diante disso nós fizemos a vistoria in loco, a área está cercada pela própria comunidade, eles cercaram essa área, no entanto nas mediações já ocorreram queimadas, então, a necessidade dessa vistoria para que não haja possível impacto a esse local”.Conforme o Governo do Tocantins, após a visita do Governo do Estado e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional serão feitas pesquisas para verificar o enquadramento do local como sítio arqueológico e fortalecer a proteção da memória do povoado.Segundo a superintendente, caso seja enquadrado em sítios arqueológicos históricos, os sítios devem ser preservados in loco, conforme está previsto na Lei Federal 3.924.“Os sítios arqueológicos, uma vez cadastrados no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos, eles passam a ser bens da União, no qual o Iphan faz o acompanhamento, monitoramento, fiscalização desses sítios e também a conservação de alguns sítios a partir da análise do estado de conservação deles”.Ainda de acordo com a superintendente, não quer dizer que todos os sítios arqueológicos necessitam de serviço de conservação, “mas alguns sim necessitam e então passa a ser instrumento da gestão também”.