O município de Taguatinga, região sudeste do Estado, realiza até esta quarta-feira (14), as tradicionais Cavalhadas. O evento ocorre durante os festejos de Nossa Senhora D’Abadia, padroeira da cidade.Segundo o governo, a festividade faz parte do Calendário Cultural do Estado e reúne aproximadamente 15 mil pessoas por dia, entre população local e visitantes dos municípios vizinhos.As Cavalhadas recontam uma história medieval, com a batalha entre mouros, que professavam a religião islâmica, e cristãos, adeptos do cristianismo. O empresário Vilidiou Soletti conta que participa da festividade desde criança. E em 2010 se tornou cavaleiro cristão. "Eu fiz parte ainda criança como mascarado mirim, depois mais adolescente comecei a ficar ao lado do campo juntamente com o treinador registrando as corridas com fotografias e vendo mais de perto me apaixonei mais ainda. Em 2009 fui indicado pelo Rei Bruno Arcanjo e aceito pelos cavaleiros para ingressar no grupo".Ele ressalta o significado da festa. "Vejo as Cavalhadas como um movimento muito importante para a cultura de nossa cidade e estado, pois envolve muitas famílias, crianças e também geramos rendas para muitos comércios. Estar correndo como cavaleiro para mim representa um sentimento de gratidão, pois de alguma forma consigo contribuir com a cultura e tradição de nossa cidade, fazemos por amor e devoção a nossa senhora D’Abadia", descreve.O presidente da Associação de Apoio às Cavalhadas de Taguatinga (Acata), Iego Toledo Rodrigues, destaca a importância da festividade."Para nós é gratificante fazer parte das Cavalhadas. Assim, conseguimos nos espelhar nos cavaleiros mais antigos, o que nos motiva a estar em campo todos os anos e a realizar um espetáculo maravilhoso para nós e para quem está assistindo. Além disso, levamos o nome de Nossa Senhora D’Abadia a todos, unindo tradição, cultura e religião em um só espaço. Por isso, a cada dia nos motivamos mais para enaltecer as Cavalhadas".Ele acrescenta ainda que o evento também movimenta a economia. "A comunidade nos abraça, vem romarias de fora, e participa dos festejos da nossa igreja. A comunidade local é maravilhosa, e o comércio e a economia da cidade giram em torno disso. Incentivamos o turismo, pois pessoas de fora vêm para nos assistir. Toda a questão de logística da cidade é fomentada através das Cavalhadas, o que é de grande importância".Além do espetáculo a céu aberto, o evento conta, também, com apresentações culturais que ocorrem à noite, a partir das 22 horas, na feira coberta da cidade e à meia-noite, no espaço nobre. Leia também:'Minha Voz é Resistência': apresenta show de empoderamento negro e de luta contra o racismo Música cantada por Rebeca Andrade após olimpíadas é homenagem da dupla Anavitória ao Tocantins Sobre as Cavalhadas A tradição das Cavalhadas manteve-se em alguns pontos do Brasil, especialmente nos estados de Alagoas, Goiás e Tocantins. No teatro, protagonizado por 24 cavaleiros reunidos em campo, cada lado possui 12 guerreiros, um número simbólico, escolhido de forma a ilustrar o lendário rei Carlos Magno e os doze pares de França, grupo que compõe as diversas histórias de cavalaria e cantigas do período.Segundo o governo do estado, em Taguatinga, antes de entrarem em campo, os cavaleiros participam de uma missa em que as argolinhas, que mais tarde serão utilizadas na competição a cavalo, são benzidas pelo pároco local. Também recebem as bênçãos os combatentes, que agora estão prontos para representar a batalha, que ocorre nos dois dias seguintes.O primeiro dia tradicionalmente é marcado pela alvorada, um momento em que todos os cavaleiros saem em cortejo até a casa da madrinha das Cavalhadas, quando ainda está escuro, vendo o sol nascer enquanto caminham.Esse também é o dia da recriação da batalha entre os povos, com o teatro sendo encenado para o público, algo que se repete todos os anos, a fim de demonstrar o conflito ocorrido. É a ocasião em que os cavaleiros do castelo cristão saem vitoriosos na guerra, culminando no batismo dos combatentes do castelo mouro.-Imagem (1.2799775)