-Imagem (Image_1.2193675)Exibida no Vale a Pena Ver de Novo, Laços de Família entrou em sua fase mais importante, quando Camila (Carolina Dieckmann) é diagnosticada com leucemia e Helena (Vera Fischer) vai mostrar que fará qualquer sacrifício para salvar a vida da filha. Está prevista para ir ao ar nesta segunda-feira a cena em que a jovem tem o cabelo raspado ao som da canção Love By Grace, de Lara Fabian, um dos momentos mais antológicos da televisão brasileira. Na época da exibição original, o drama de Camila serviu para promover uma campanha pela doação de medula óssea. Escrita por Manoel Carlos especialmente para Carolina Dieckmann, Camila mudou para sempre a vida de sua intérprete. Até hoje o impacto dessa e de outras cenas mexem com as emoções da atriz, que tinha apenas 21 anos quando gravou a novela. Nesta entrevista, Carolina relembra o momento mais forte que viveu na trama, além de toda a fase em que a personagem enfrentou a doença. A cena em que a Camila tem o cabelo raspado é umas das mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira. Para você ainda é impactante relembrar esse momento?Essa cena sempre vai ter um impacto grande para mim, pois envolve muitos outros sentimentos. Meus medos e inseguranças, orgulho de ter enfrentado tantas emoções fortes sendo tão nova... tenho muita memória emotiva em mim. Esse momento ficou gravado na minha trajetória como um rito de passagem, uma iniciação. E fico mais realizada ainda que a cena não tenha sido forte só para mim. Às vezes, a gente faz cenas que são muito impactantes para quem está fazendo e para quem está no set, mas, quando ela passa na televisão, não tem essa mesma força. E eu fico muito feliz que essa cena, com essa importância para minha vida e carreira, tenha sido também tão marcante para várias pessoas. Você imaginava que a cena teria tanta força para o público quando foi gravada? E como foi a gravação?De forma alguma, pois era uma gravação para a campanha de doação de medula óssea. Por isso ela tem uma história contada como um rito de passagem, uma transformação com início, meio e fim. Não estava planejado muito antes que a Camila teria de raspar a cabeça; então, não tinha muita expectativa em cima, o pedido para mim na cena era só ficar séria, mas, quando eu me dei conta, estava muito emocionada. Eu não estava me vendo; então, não chorei porque estava ficando careca, mas sim porque estava muito entregue ao momento da personagem. Como foi enfrentar toda a fase da doença da Camila?Todas as cenas a partir do momento em que a Camila se descobre doente foram muito difíceis. Primeiro, porque eu era muito nova, nunca tinha tido contato com pessoas com câncer. Não conhecia ninguém que tinha enfrentado a doença, nem da família, nem amigos. Foi um choque perceber a fragilidade humana por meio de uma doença como essa, interpretar e interiorizar o sofrimento para fazer as cenas. Hoje é muito interessante relembrar como eu atravessei tudo isso como atriz. Na época da exibição original, a Camila foi muito criticada pelo público por ter se envolvido com o namorado da mãe, mas, com a doença, muita gente passou a torcer por ela. Como foi acompanhar as reações dos telespectadores?No início do trabalho, o Maneco (Manoel Carlos) me disse que seria importante que as pessoas tivessem empatia pela Camila. Quando eu fui vendo que ela estava sendo odiada pelo público, fiquei preocupada e falei com ele. E ele me respondeu muito tranquilamente que tinha certeza de que a situação mudaria. E foi isso mesmo que aconteceu. Quando a doença apareceu, muitas pessoas começaram a pensar que era bem feito para a Camila, mas, aos poucos, foram torcendo por ela. Essa é a lembrança que eu tenho, de que o jogo virou já no final, quando ela estava entre a vida e a morte. Acho que ali que o público perdoou tudo o que ela fez ao longo da história. Hoje em dia você tem vontade de fazer outro personagem que exija tamanha entrega? Rasparia a cabeça novamente, por exemplo?Faria tudo de novo e um pouco mais. Sempre acho que posso fazer mais, meu corpo está muito ligado ao meu trabalho. Nunca usei vaidade para dosar o que faria ou não. Para mim, o começo do barato é se entregar de corpo, é um momento que eu curto, pensar que cara que vou ter na personagem. E adorei ficar careca na época da novela. Até esse momento eu não me achava bonita. Eu era pouco vaidosa, nem espelho grande em casa eu tinha. Eu lembro que o primeiro espelho que eu tive na minha vida, que comprei para me ver inteira, conferir a roupa, foi na época de Mulheres Apaixonadas, depois da Camila. Eu não tinha uma percepção estética sobre mim e, quando fiquei careca, percebi que meu rosto ficou muito forte, comecei a me achar interessante. Foi careca que eu comecei a me curtir. É estranho, mas é verdade. Além de Laços de Família você também está no ar em Mulheres Apaixonadas, no Canal Viva, e recentemente foi exibida na TV Globo uma edição especial de Fina Estampa. Tem outros trabalhos seus que você gostaria que fossem reprisados? Curte rever suas personagens?Eu adoraria rever a Leona da novela Cobras & Lagartos. Gostaria de revê-la pela estética dela, por ser uma malvada, já que fiz mais mocinhas que vilãs. Além disso, eu adorava a novela, eu adorava o Foguinho (Lázaro Ramos), a Ellen (Taís Araújo) e a Milu (Marília Pêra). Aliás, foi uma sorte imensa ter tido a oportunidade de trabalhar com a Marília Pêra tão de perto. É um trabalho que eu adoraria rever! Adoro assistir os produtos já finalizados. Eu assisto totalmente como espectadora. Não sou autocrítica.