Mineiro de Pedra Azul, região do Vale do Rio Jequitinhonha, Paulo Hugo Morais Sobrinho - o Paulinho Pedra Azul - apresenta seu novo CD celebrando 35 anos de carreira com show hoje, às 20h30, no Theatro Fernanda Montenegro, em Palmas.Aos 63 anos, Paulinho é um dos mais bem sucedidos artistas independentes do País. Ele irá também vender e autografar o novo CD, que conta com participações de gente aqui da terra como J.Bulhões, Léo Pinheiro e Tião Pinheiro, além de compositores nacionais como o Padre Fábio de Melo. Abaixo, entrevista que o JTo fez com o artista.Nesses 35 anos, muitas parcerias, criações artísticas e histórias. Quais as maiores lições que você carrega? E quais você ensinaria aos novos artistas?Todos os dias é um recomeço, um aprendizado. Vivendo e aprendendo sempre. Acompanhando mudanças sempre; principalmente a tecnológica, que a moçada mais nova está tirando de letra. Evoluir sempre e levar o aprendizado a sério; é o que desejo aos mais jovens. Produzir muito e ter paciência no retorno.Na sua carreira você sempre teve as artes, tanto plásticas como literatura, juntas com sua atividade musical. Acha que isso é um diferencial em sua trajetória?Sempre pintei quando era mais novo. (...) O incentivo dos professores era muito forte e cada um descobria um talento, com mais facilidade. As poesias surgiram na época da adolescência. (...) Ano que vem vamos comemorar os 40 anos que foi lançado meu primeiro livro de poesias Pedaço De Gente, que escrevi entre os 13 e 17 anos.Se fosse escolher suas maiores referências durante a carreira nas artes plásticas, na literatura e na música, quais seriam?As minhas influências na pintura: Salvador Dali, Fernando Compangnoni, Fernando Fiuza e Gilberto De Abreu, sem me esquecer de Dona Oswaldina Moreira, Mariade Almeida e Adiléia Mendes, que, como professoras, na minha infância e adolescência, me incentivaram a pintar e desenhar. Na literatura: Rubem Alves, Drummond, Mário Quintana, Fernando Sabino, Gonzaga Medeiros, Rubem Braga e Yeda Prates. Na música: Dilermando Reis, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Jovem Guarda, Beatles, Caetano, Gil, Elomar, Fagner, Gonzagão, Gonzaguinha, Geraldo Azevedo, Alceu Valença.Qual música é sua preferida ou em algum momento o marcou de maneira especial?O Jardim Da Fantasia (Bem te vi) foi realmente a música que abriu as portas da minha carreira artística. Tem mais de 20 regravações e o Brasil todo a conhece e canta.Você é um artista que sempre defendeu a independência fonográfica e hoje a internet possibilita formatos que proporcionam que artistas se tornem conhecidos independentes de gravadoras. Como você percebe esse novo cenário?A música independente se tornou uma realidade incontestável. Posso dizer que sou um dos pioneiros, juntamente com Antonio Adolfo, Boca Livre, Os Imborés, entre outros poucos. As gravadoras monopolizavam o mercado, mas acabou no que deu! 90% dos artistas hoje são independentes; principalmente os mais novos, com a chegada dos Projetos de Leis e Incentivo, que acho fundamental pro mercado cultural, apesar dos seus defeitos também.Além do show, você lançou também um CD comemorativo. Fale um pouco sobre este disco, o repertório.O CD Paulinho Pedra Azul, 35 anos de carreira é uma coletânea que foi tirada de CDs de amigos e parceiros, que participei durante a minha carreira toda. São 20 músicas, remasterizadas e editadas pelo meu amigo, cantor, compositor e técnico de estúdio, Carlos Lucena. Semana que vem, estaremos preparando o Volume 2 (com mais 20 músicas) e no começo de 2018, prepararemos o Volume 3 (com mais 20 músicas), fechando assim as comemorações dos meus 35 anos de carreira, com 60 músicas de vários ritmos e influências.Nesses 35 anos de estrada, você mantém ligações e até parcerias com músicos tocantinenses. Como avalia o cenário da música produzida aqui? E a produzida no Brasil, de uma forma geral?Tenho parcerias com alguns músicos de Tocantins e Goiás. Uns moram em Palmas e outros em Goiânia. Eles são muito unidos. Parecem irmãos; e isso é fundamental para a parceria. Na parceria eu sou o letrista. A música desses dois estados é de uma beleza brejeira sem fim. Não vou citar nomes dos parceiros, porque são muitos; e eu poderia esquecer de alguém, mas gosto de compor com todos eles. Acho que cheguei em 150 parceiros, com mais de 500 músicas inéditas!Na comemoração dos seus 60 anos, você disse em uma entrevista que ‘ia comemorar a metade de uma estrada longa e cheia de realizações e aprendizagens’. O que podemos esperar para os próximos projetos dessa estrada?Projetos sempre à vista e realizáveis, dentro do possível! Penso em lançar um CD de músicas inéditas, ano que vem e um livro com 300 poesias inéditas, para comemorar os 40 anos que foi lançado meu primeiro livro de poesias. Estou continuando com a finalização do meu primeiro DVD, que foi gravado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, com participações de Padre Fábio De Melo, Rogério Flausino, Célio Balona, Mauro Mendes, Aggeu Marques, Grupo Sarau Brasileiro (Chorinho), (...).Você é um crítico da política de distribuição de direitos autorais no Brasil. Qual sua posição sobre isso? Alguma coisa mudou?A arrecadação de direitos autorais é competente, mas a distribuição deixa a desejar! É preciso mais participação da nossa classe no que se refere a reivindicar nossos direitos, acusar, cobrar, enfim, lutar pelos nossos direitos. Afinal de contas, quem cria são os artistas e não os arrecadadores!Você tem se manifestado até asperamente contra o atual estágio político brasileiro. Qual o maior problema do País em sua opinião? Tem conserto?A política (que é uma das reações humanas mais nobres do ser humano) se reverteu em ladroagens, formações de quadrilhas, enganos, conchavos e superfaturamentos. É preciso mudar tudo na política e valorizar mais as políticas sociais, como, por exemplo, educação, emprego, saúde, lazer, segurança, etc. Temos que acreditar no novo e”reformar” nossa política, para o bem dos mais necessitados, os que sofrem por não terem acesso a isso tudo; e são os que mais trabalham, ganhando muito pouco para sua sobrevivência. O Brasil é o país mais rico, mais bonito e mais charmoso do mundo. Nós temos que reaprender a amá-lo e a cuidar dele, com muito mais amor e esperança. O Brasil é nosso. Do seu lindo povo.ServiçoO que: show Paulinho Pedra Azul – 35 anosQuando: hoje, às 20h30Onde: Theatro Fernanda MontenegroEntrada: R$ 50Pontos de venda: Fundação Cultural de Palmas; Bendita Shoes (104 Sul); Gep Livraria (104 Sul)Informações: 9 9261-1326Realização: New JobApoio: Fundação Cultural de Palmas e Jornal do Tocantins