As gravações do filme “O Pastor e o Guerrilheiro”, dirigido por José Eduardo Belmonte e produzido por Nilson Rodrigues, acontecem ao longo desta semana em Araguatins, Extremo Norte do Estado. A obra cinematográfica, baseada em fatos reais, conta a história de duas pessoas e suas experiências durante a Guerrilha do Araguaia e a Ditadura no Brasil. “A história é baseada em fatos reais. Em 1995 conheci a história de um guerrilheiro, por meio de um livro  de memórias. Somei esse relato com a história de um evangélico que já conhecida e outras inspirações para o filme que se passa em três épocas e tem como principal elemento um encontro marcado”, relata o produtor Rodrigues. 

Conforme o storyline, “O Pastor e o Guerrilheiro” se passa nas décadas de 1960, após o início da ditadura no Brasil, 1970 e nos últimos dias de 1999, na virada do milênio. Em 1968, o jovem comunista João deixa a universidade e vai para uma guerrilha na Amazônia, onde é preso, torturado e enviado para a prisão em Brasília. Após a prisão ele conhece Zaqueu, um cristão evangélico preso por engano. 

Ao longo do enredo, ambos passam pelos sofrimentos juntos,  superam diferenças ideológicas, se ajudam e marcam um encontro para 27 anos depois, à meia noite, na virada do milênio, em Brasília. “O filme traz dois personagens diferentes, com fés e ideologias bem distintas, mas que tem um objetivo igual”, relata o produtor.

A história também passa por 1999, outro momento do enredo, em que  um velho coronel do exército suicida-se e deixa parte de sua herança para Juliana, filha bastarda fruto de seu relacionamento com a antiga empregada da casa. Devido a um livro  encontrado na casa, a jovem descobre  que seu pai  havia sido o torturador dos dois jovens e que o encontro marcado não poderá ocorrerá pelo menos não da forma marcada entre Zaqueu e João. 

Para Rodrigues, o filme apresenta uma nova perspectiva dentro desse período da história brasileira. “É uma observação em um perspectiva regional. Também é uma história sobre a época da Ditadura Militar de que poucos filmes brasileiros narram. Há vários ângulos que podem ser observados e escolhemos um bastante original”, relata ao explicar que além de fatos da guerrilha apresenta as consequências anos depois.

Gravações 

Ao todo são cinco semanas de filmagens, que depois de Araguatins ainda seguem ainda para Brasília. Conforme Nilson Rodrigues, a cidade tocantinense foi escolhida devido a sua estrutura, adequada para a gravação do filme, e também por ter a natureza ainda bastante preservada para as cenas da disputa que ocorreu em meio às matas tocantinenses. “Além de ser uma região próxima ao local onde a Guerrilha realmente aconteceu, Xambioá”, relata.  

O elenco da obra conta com atores como Cássia Kiss, Antonio Grassi, Johnny Massaro, Ana Hartmann e tocantinenses como Genésio Tocantins, Cleuda Milhomem, Marcélia Belém, Léo Pinheiro e Chiquinho Chocolate. Também são de terras tocantinenses os figurantes e grande parte da equipe técnica do filme como o Cícero Belém e Kecia Ferreira na produção local. “Tenho um forte vínculo com o estado, que fui secretário de cultura entre 1990 e 1994, e um compromisso com a cultura também há o compromisso com a economia”, conta explicando sobre toda a mão de obra para a pré-produção, que durou três meses, realizada na cidade, bem como outros serviços ao longo das gravações. 

Estreia

Questionado sobre a data da estreia, o produtor informou que a previsão para lançamento comercial nas salas de cinema é no segundo semestre de 2021, entretanto, antes, o filme deve ser exibidos em festivais internacionais. “Faremos também pré-estreias no Tocantins, em Araguatins, inclusive, para os figurantes e outros envolvidos na produção local”, explica. 

O filme conta com a parcerias do Governo do Distrito Federal, por meio do Fundo de Apoio à Cultura  (FAC) e do Governo Federal, com a ajuda do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).