-Imagem (1.1148562)Eterna Tieta do Agreste (1996) no cinema e Gabriela, Cravo e Canela (1975) na TV, a atriz Sonia Braga, 66 anos, está de volta como Clara, protagonista do filme Aquarius, que estreia nesta quinta-feira, no Cine Cultura e Cinema Lumière, em Palmas (veja serviço). O longa do cineasta pernambucano Kleber Mendonça foi indicado a diversos prêmios internacionais, inclusive ao de melhor atriz a Sonia Braga em Cannes, considerado o Oscar francês.“Aquarius devolveu o meu rosto para o Brasil”, comemora Sonia Braga. “Uma vez, no Rio, uma menina no shopping disse que me conhecia de algum lugar, achando que eu já tinha trabalhado lá. Então, se você não está na televisão, não importa se você foi a Gabriela. O seu rosto vai desaparecendo”, conta a atriz.O filme começa retratando a juventude da jornalista Clara, que enfrentou um câncer de mama. Anos depois, a personagem de Sonia já é avó e viúva. Ela tem uma vida tranquila em um edifício antigo chamado Aquarius, em Recife (PE). O problema é que a construção foi toda comprada por uma empresa e apenas Clara se nega a sair de lá. Em meio a essa batalha para manter a sua história, ela encara outras questões com a família, os amigos e os seus amores e desejos.“A Clara representa essa mulher brigando pelo direito que tem e tentando provar que tem esse direito”, diz Sonia Braga, que se sentiu representada como cidadã no longa. “Os diálogos são perfeitos, era tudo o que eu gostaria de falar como cidadã”, diz.Humberto Carrão, o Davi da novela Geração Brasil (Globo, 2014), também está no longa. Ele é o neto do dono da construtora, que faz de tudo para tirar Clara do prédio do qual é a última moradora. “Ele vive Diego, um cara do tipo que quer controlar o que se passa em uma cidade”, conta Carrão.O ator cita ainda outros lugares onde famílias são retiradas de suas casas para se posicionar contra e deixar claro que não teria coragem de agir como o seu personagem na produção. “Não acho que podemos afetar o espaço, o afeto e a memória por causa do progresso”, opina o artista.Fora, TemerAquarius causou grande burburinho no Festival de Cannes deste ano, no qual concorria ao principal prêmio, a Palma de Ouro. O elenco usou o tapete vermelho para protestar contra o impeachment da hoje ex-presidente Dilma Rousseff (PT); eles se referiram ao processo como um “golpe”, mostrando placas à imprensa mundial, presente na cobertura.Recebido com aplausos na sessão, era esperado que Aquarius vencesse a Palma de Ouro e que Sônia Braga recebesse o troféu de Melhor Atriz. No fim, o longa saiu da competição sem prêmio algum, mas o protesto provocou enorme repercussão, os elogios vieram em massa e a distribuição foi vendida para mais de 50 países após Cannes. Assim, Aquarius se tornou o grande filme brasileiro de 2016.No final de agosto, durante sua pré-estreia em São Paulo, gritos de “fora, Temer” embalaram o início da projeção. Além das duas salas do Cinearte, lotadas para ver o filme de Kleber Mendonça Filho, outra sessão no CineSesc também ficou lotada e teve protestos contra o governo. Sonia Braga, inclusive, posou para fotógrafos ao lado de um cartaz anti-Temer.Gritos continuaram depois do fim da projeção no Cinearte, quando o filme foi aplaudido de pé. O elenco entrou na sala para um debate organizado pela Folha de S.Paulo e o Cinearte ao som de um coro “fora, Temer” e foi recebido com uma faixa contra o então interino.Outra polêmica envolvendo o longa diz respeito à classificação indicativa de Aquarius. O Ministério da Cultura (MinC) fixou em 18 anos, o que provocou protestos de toda parte pelo País. A pressão trouxe resultados poucos dias depois, quando a idade mínima foi baixada para 16 anos. SERVIÇOAquarius: Brasil, França, 2016 Direção: Kleber Mendonça Filho Elenco: Sonia Braga, Maeve Jinkings, Irandhir Santos, Humberto Carrão Cinemas: Cine Cultura Palmas (Espaço Cultural), às 20h30. Lumière Palmas Shopping às 14h30 - 17h30 - 20h30Inf.: facebook.com/cineculturapalmas ou cinemaslumiere.com.br