Depois da onda dos seios fartos, modelados com próteses de silicone, mulheres estão voltando para a mesa de cirurgia em busca de um novo padrão: mamas pequenas e com aparência natural, como as que eram vistas nas décadas de 1980 e 1990.

Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) apontam que, entre o início de 2014 e os primeiros meses de 2015, a troca de próteses consideradas grandes, entre 300 e 350 ml, por modelos menores, entre 200 e 250 ml, cresceu até 15% do ano passado para cá.

“As mulheres jovens, deslumbradas com próteses grandes, acabaram solicitando-as, mas o peso excessivo causa problemas de coluna e estrias, e muitas acabaram voltando para fazer a correção”, explica Prado Neto, presidente da SBCP.

A professora Thaisa Guariglia, de 26 anos, colocou 395 ml de silicone em cada mama após emagrecer 23 quilos, em 2009. Em julho do ano passado, insatisfeita com a aparência dos seios, que para ela estavam caídos, e com um problema na prótese que lhe causava dores, ela reduziu o tamanho para 210 ml. “Fui com a cabeça de que trocaria a minha por uma prótese maior ainda, mas o médico explicou que, se eu colocasse, ia cair. Quando troquei, estranhei muito, fiquei chateada, mas, agora, estou adorando.”

A parte estética foi fundamental na decisão da consultora jurídica Eliana dos Santos, de 56 anos. Ela conta que começou a achar a prótese de 300 ml colocada em 2001 desproporcional, e a troca por um modelo menor foi a solução encontrada. “Troquei em 2012, porque não combinava mais comigo. Estou com uma de 220 ml e está muito mais natural e de acordo com o meu biotipo.” Com a nova prótese, precisou mudar os sutiãs, que passaram do tamanho 42 ou 44 para o 38.

Nora de Eliana, a analista de marketing Jacqueline Gomes Stefanelli, de 28 anos, também está entre as mulheres que reduziram as mamas após aumentá-las. “Coloquei 300 ml em 2010. Assim que saí da cirurgia já vi que tinha ficado grande demais e não gostei.”

Nos três anos seguintes, ela conviveu com roupas que não serviam. “Nada ficava bom. Ficava largo na cintura e apertado no peito.” Também não estava confortável com a imagem do próprio corpo. “Ficou desproporcional. Eu sou magra e estava com o peito muito grande.” Até que veio a nova operação. “Agora, coloquei 240 ml. Fez muita diferença.”

Tocantins

Com consultório em Palmas e no Rio de Janeiro, o cirurgião Ícaro Samuel Pedroso de Oliveira diz que novo perfil da mama pode ser uma tendência, mas, na prática, as mulheres ainda optam por implantes maiores. “A troca de próteses grandes por menores é uma tendência, mas cerca de 90% das minhas pacientes ainda querem uma mama maior.” Ele diz que na hora da decisão a conversa com o médico não pode ser dispensada.

“É importante priorizar as medidas. Não adianta a paciente querer uma prótese pequena se ela tem um tórax largo, um peitoral maior, se é alta, porque aquela prótese não vai ter indicação pra ela. Especificamente, em casos como esse, a gente prioriza uma maior, porém, tem que ter indicação”, alerta.

As mulheres atendidas pelo cirurgião optam por prótese entre 285 ml e 350 ml. “A escolha engloba uma série de fatores. Algumas pacientes mais altas, com ombros maiores, colocam próteses de até 400 ml. É muito pessoal e específico para cada paciente”, exemplifica. “Não dá para fazer linha de produção com cirurgia plástica. É preciso uma análise profissional.”

Durabilidade

O especialista também vê uma influência da procura pela durabilidade. Ele afirma que as próteses não precisam mais ser trocadas após dez anos. “Não há mais essa conduta de dez em dez anos ter que trocar. A prótese está bem estudada e você pode ficar com ela o resto da vida.”

Entretanto, ele alerta que dependendo da mulher, levando em conta as alterações hormonais e a fase da vida, após as gestações, a amamentação, “é preciso avaliar se existe a necessidade da mastopexia (retirada de pele) e da troca da prótese, mas é muito variável.”

Dica essencial

É importante tomar alguns cuidados antes de enfrentar qualquer procedimento cirúrgico. Um dos primeiros passos é procurar o nome do profissional no cadastro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, no site www.cirurgiaplastica.org.br.