Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
As plantas que crescem muito e para o mal

Muito além de um tema rural e agronômico, plantas invasoras tem sérias implicações sociais, econômicas e ambientais, trazendo prejuízos para as cidades, a infraestrutura e as áreas silvestres. As mais comuns no Tocantins são a mamona, o colonião, a leucena e o capim andropogun, este reinando absoluto. Opção importante e estratégica de pasto, espécie rústica e resistente, ela se torna um grande inimigo do nosso progresso ao se dispersar fortemente para fora das áreas de cultivo e criar ciclos nocivos como o do fogo, da erosão e da insegurança. O enfrentamento da questão se faz com duas palavras mágicas que unem a boa gestão rural e urbana às ciências agrárias: conhecimento e manejo.

Ciclo do fogo

Com sua enorme massa seca, o andropogun eleva o poder de dispersão, poluição e destruição das queimadas. Ao proliferar nas faixas de domínio das estradas, nos terrenos baldios e áreas verdes urbanas, cria uma rede estadual de início das queimadas que irão se alastrar paisagem adentro e cidades afora. Quem cuida de prevenção de queimadas está desconsiderando isto.

O bom combate

Roçar andropogun nas cidades é enxugar gelo e queimar dinheiro, pois mantém intactas suas raízes e gemas de rebrota. O seu controle eficaz exige várias medidas aplicadas de forma isolada ou conjugada: raspagem mecânica, gradeação, capina manual e química, cultivo de plantas concorrentes, o próprio roço, etc. Tudo caso a caso.

Cultivar

Uma técnica inteligente de controle é gradear as áreas infestadas e plantar espécies agrícolas (por exemplo: arroz, soja, abóbora, milho, girassol, etc) cuja colheita renderá divisas para otimizar o orçamento do setor ou o lucro social, com a distribuição da colheita às pessoas mais vulneráveis.

Estratégia é tudo

Tudo isto demanda um estudo situacional e estratégico, o dito plano de controle integrado de invasoras nocivas (PCIIN), com cada variável analisada: solo, espécie invasora, escala; riscos, danos e custos envolvidos; recursos e oportunidades possíveis. Planejar e fazer com visão técnica, não fazerjar leigo.

Dano ambiental

Espécies invasoras são uma das cinco causas de perda de biodiversidade no planeta. Eficazes em crescimento e reprodução, e com a ausência de competição ou predação de outras espécies, proliferam em excesso e causam vários danos e desequilíbrios aos ecossistemas.

Inimigo público nº1

O andropogun é inimigo de vários setores: segurança, saúde, infraestruturae turismo, não só do meio ambiente. De porte alto, ele rouba a visão da paisagem, impede a vigilância policial e sanitária, torna os espaços urbanos inseguros e ameaçadores. Ataca também os orçamentos, principalmente os ingênuos e leigos, com as perdas setoriais e o alto custo de manutenção das cidades.

Exponencial

Cada touceira lança centenas de sementes que viajam com os ventos e os veículos, povoam as faixas de domínio das estradas e os lotes baldios das cidades, tomando todo o estado. Cada vez mais, este ciclo irá agravar o problema e elevar o custo do seu controle. Vale a boa regra: antes é fácil e barato; depois, difícil e caro.

Os setores agropecuário e de infraestrutura podem fazer a sua parte de várias formas: disseminar conhecimento; cultivar as faixas de domínio das estradas e redes elétricas; manejar os pastos de andropogun com forte carga animal, para não soltar sementes.

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