Ramis Tetu

Ramis Tetu
ramis.tetu@gmail.com
Jornal do Tocantins - Sustentabilidade
Diversidade arbórea, um imperativo das cidades

Biodiversidade não é apenas uma causa ambiental, mas um fator decisivo na agenda do desenvolvimento urbano, rural, econômico e social das regiões e do país, com impactos e interações em políticas como abastecimento, segurança agronômica e alimentar, saúde, educação, habitação, turismo, entre outras. A arborização é ao mesmo tempo uma ferramenta e um objeto na sua promoção. Assim, as cidades precisam praticá-la de duas formas: qualificar de forma técnica e transversal as políticas de parques e jardins, em conexão com as outras políticas; e promover as árvores (e sua variedade de formas e
funções) como elemento chave deste processo.

Trabalho em rede

A responsabilidade desta causa é de todos, não só das prefeituras: universidades, órgãos de pesquisa, técnicos e conselhos das ciências agrárias, ambientais, de paisagismo e de arquitetura e urbanismo; das pessoas, em sua área de influência. Em rede, como nas florestas.

Tipos

Não se pode falar e pensar simplesmente em “árvores”, nem discriminá-las com listas de espécies, todas pobres por incompletas. É preciso tratar dos seus muitos tipos, com: copas densas ou leves (rendadas); estruturas de copa colunar, arredondada, em Y ou frondosa; estruturas de raízes; porte pequeno, médio ou grande; função sombreadora, florífera, frutífera ou múltipla. Universo de possibilidades.

Nativa ou exótica

As espécies nativas devem ser o carro chefe da arborização, pois são adaptadas ao ambiente, interagem com a fauna e valorizam a cultura e a identidade local, algo decisivo para o turismo. As exóticas podem compor parte do mixing, desde que tragam vantagens, adaptem-se bem ao clima e não sejam invasoras e nocivas aos ecossistemas.

Campeão

Um estudo recente, com 500 instituições botânicas, apontou que o Brasil tem 8.715 espécies de árvores, cerca de 14% do total do planeta, sendo o líder mundial neste quesito. Quanta riqueza! E nossas cidades praticando a monocultura pasteurizada do oiti e mais oiti, como uma unanimidade.

Mesmice é crime

A mesmice na paisagem urbana atenta contra a sanidade mental das pessoas, a estética e o próprio (bom) urbanismo. O urbanista Jan Gehl sentenciou: “Primeiro vida, depois espaços, depois prédios – o outro jeito nunca funciona”. Quem qualifica a vida nos espaços é a diversidade. Questão de segurança paisagística.

Prática

São muitas as formas de manter e elevar a biodiversidade florestal das cidades, por meio de uma política transversal de paisagismo público e privado: primeiro, preservar e proteger o máximo de indivíduos e grupos arbóreos nativos; depois, promover uma política de diversificação de espécies para a cidade que norteie o trabalho dos viveiros públicos e particulares. Tudo em conexão com outras políticas públicas.

Lei e estratégia

A Política Nacional da Biodiversidade (Decreto nº 4.339/2002), é reflexo da Convenção da Diversidade Biológica da qual o Brasil é signatário. Portanto, sua aplicação não é uma possibilidade, mas um imperativo legal. Mais que isto, ela precisa ser usada, de forma inteligente, como estratégia de desenvolvimento.

Entre no fantástico universo destes seres por vários caminhos: “Catálogo de Árvores do Brasil” do Ibama; a série “Árvores Brasileiras” do Instituto Plantarum; o projeto “Flora brasiliensis” do CRIA.

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