Profundo luto e tristeza. É como se encontram os poucos mais de dois mil habitantes santamarinenses neste momento. Entre uma rua e outra, choro e lamentação por aqueles que não estão mais aqui. O desabamento do teto na gruta Casa de Pedra ainda choca moradores da cidade, não só pela tragédia, mas pela sensação de insegurança em voltar ao local tido, até então, como sagrado.

O lavrador Dorival Pinto Soares, de 58 anos, faleceu pagando promessa. Familiares dão conta de que ele havia descoberto, em 2014, um câncer e que estava na gruta pagando promessa pela cura da doença. “Ele havia se curado de uma doença tão difícil como o câncer e morreu de joelhos, em oração”, contou a filha mais velha, Iranildes Coutinho Soares, de 29 anos. A família estava muito abalada. Ele deixa netos, três filhos e a esposa, Ivanildes Vieira.

A dona de casa Maria de Sousa Figueiredo, de 62 anos, frequenta o local há 20 anos e afirma que, após a tragédia, não voltará lá. Ela ensinou os cinco filhos, desde pequenos, a irem como forma de professar a fé. Um deles, Waldivino Cordeiro, o mais novo, hoje com 40 anos, tomou tanto gosto pelo local que auxiliava anualmente na limpeza e roçagem da gruta. Ele disse que não viu a pedra cair no dia da limpeza, mas que por pouco não morre. “Assim que a missa terminou, fui buscar um café pro padre. Foi eu sair e a pedra cair. Não escutei nenhum barulho”, relatou. “Não tem mais condições de continuar essa tradição”, afirmou em prantos.

Eles estavam no velório da dona Domingas Pereira Guimarães de Sousa, 63 anos. Ela deixou dez filhos, sendo três mulheres e sete homens e o marido Valdemar Alves, com quem era casada há 50 anos. De acordo com o caçula, Jailton Pereira de Sousa, dona Domingas frequentava a gruta religiosamente todos os anos e sempre puxava os terços e orações. Para ele, o sentimento é indescritível, ainda mais da forma como tudo aconteceu. “Eu estive com minha mãe exatamente há um mês, falei que viria passar com Natal com ela, mas infelizmente tive que vir antes pela circunstância”, lamentou.

Mesmo com pouca idade, Thais Soares Ferreira coordenava o grupo de coral da Paróquia de São Pedro em Pedro Afonso aos 17 anos. De acordo com a coordenadora paroquial de liturgia, Monica Lourenço, ela era muito companheira e carinhosa. A mãe da Thais, Deuzanira Ferreira da Luz, 45 anos, também era membro ativo da comunidade católica no município. As duas tiraram uma selfie minutos antes da tragédia que vitimou elas e mais oito pessoas. A foto foi enviada a amigos.

Das dez vítimas fatais, três foram velados em Pedro Afonso, quatro em de Itacajá, um em Babaçulândia, e dois em Santa Maria, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Os corpos passaram pelo Instituto Médico Legal de Palmas (IML) e por funerárias da Capital antes de retornarem aos municípios. Os sepultamentos aconteceram no dia de ontem.