A sobrevivência de 71.275 filhotes de tartarugas foi garantida por meio do Projeto Quelônia, que encerra suas atividades de 2018, promovendo um importante trabalho de preservação dessas espécies que são alvos da ação predatória de caçadores. Também foram identificadas 22 tartarugas albinas (não possuem melanina), que são consideradas raras na natureza, sendo que nasce uma a cada dois milhões de filhotes.  O monitoramento foi feito ao longo de 14 semanas pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA).

A inspetora de Recursos Naturais do Naturatins e bióloga, Aline Vilarinho, explica que nas praias monitoradas na região do Cantão, os técnicos encontraram 22 tartarugas albinas, sendo que quatro delas foram trazidas para o Centro de Fauna do Tocantins (Cefau), em Palmas, para fins de pesquisa.  No Centro elas foram pesadas e medidas. “No ambiente natural, a tartaruga albina é mais visível aos predadores e, mesmo que sobrevivesse, teria mais dificuldades para caçar”, explica.

Segundo o Naturatins, um diferencial neste ano foi à quantidade de ninhos translocados, 20 no total, ação necessária para garantir a sobrevivência dos filhotes, pois o enchimento do Rio Araguaia provocou o alagamento desses espaços. Foram salvos 900 ovos que por sua vez geraram 595 filhotes vivos.  “Se o ninho tem o risco de ser alagado, nós abrimos e retiramos todos os ovos e transportamos para um local mais seguro, de preferência na mesma praia e transportado em caixa de isopor e com a mesma areia do ninho original”, detalha.

“Neste ano realizamos pesquisas com apoio da Universidade Federal do Tocantins e além do monitoramento da desova e da eclosão, fizemos a biometria das fêmeas com a viração para a medição, pesagem e marcação. Também registramos os jovens e larguras de rastros. Os ninhos também passaram por estudos”, explica Aline a informar que em 2017 foi monitorado um trecho de 15 km com 11 praias monitoradas. “Neste ano pegamos o mesmo trecho, mas com 13 praias monitoradas”, acrescenta.

A bióloga explica ainda que atualmente muitas espécies de quelônios sofrem com a ameaça da ação humana. “Eles são responsáveis por diversas interações ecológicas e participam de complexas teias alimentares. É um grupo importante para filtragem de nutrientes”, detalha.

Projeto Quelônios 

O projeto foi criado em 1979 no Brasil e no Tocantins as primeiras ações foram realizadas em 1995. Após um tempo sem atividades o projeto foi retomado em 2017. Este ano, 270 ninhos foram monitorados. As ações abrangem também o combate ao consumo predatório de ovos e tartarugas.

São apoiadores do Projeto a Secretaria Geral de Governo, a Fazenda Fartura, a Universidade do Tocantins (Unitins) e a Universidade Federal do Tocantins (UFT), o Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), entre outros.