Após oito dias internado em um hospital particular em Palmas, o prefeito de Tocantínia, Manoel Silvino Gomes, recebeu alta nesta segunda-feira, 12. Ele passou por um procedimento cirúrgico para retirada de bala que se alojou na região do abdômen.

“A cirurgia foi um pouco traumática, o balaço perfurou a bexiga e a recuperação está um pouco lenta. Quem faz esse tipo de cirurgia fica, no máximo, três dias no Hospital. Eu fiquei oito. Mas graças a Deus não tive infecção e nem perfurou o intestino”, analisa o gestor público que está se recuperando em Palmas, com a família.

João Mascarenhas, seu motorista que também havia sido baleado, recebeu alta semana passada. Seu caso foi menos complicado uma vez que a bala não se alojou em seu corpo, excetuando a necessidade de cirurgia.

Licença

Silvino pediu licença do cargo de prefeito por 45 dias para que consiga se recuperar. Nesse tempo, o vice Nilo Monteiro (PMDB) está à frente do Executivo Municipal. A posse aconteceu na manhã da última quarta-feira, 7, em sessão extraordinária realizada na Câmara dos Vereadores de Tocantínia. Em sua fala, Monteiro destacou que “não gostaria de assumir a cadeira nessa situação”, mas que “o homem público tem que estar pronto para todos os momentos”.

Sobre seu vice, Silvino afirmou se tratar de uma pessoa de confiança e que ele dará andamento e continuidade no trabalho já desenvolvido no município. “Espero que dentro de 45 dias eu possa estar retornando às atividades com as coisas equilibradas e a saúde recuperada”, anseia.

O Dia

Diferente do que foi noticiado, Silvino informa que ele não havia ido à uma padaria, mas que estava voltando de Palmas quando chegou em casa e se deparou com a situação.  Ele conta que no domingo, dia do seu aniversário de 58 anos, ele havia saído de Tocantínia às 5h30com destino a Palmas para complementar o que faltava na comemoração.

“Quando foi 8h10 cheguei em casa. Vi o frigobar que ficava em meu quarto na garagem, ainda brinquei com João, falando que minha esposa estava vendendo o eletrodoméstico. O carro do meu amigo estava com o porta-malas aberto e cheio de sacolas, daí já achei estranho, porque ele havia chegado para passar o domingo comigo”, relembra Silvino ao contar que foi abordado por um dos criminosos, já com arma em punho, ao passar pelo portão em direção à área de sua casa.

“Ele mandou eu me calar e entrar em casa, o tempo todo ameaçando atirar em mim caso eu tentasse algo”, relata Silvino. Ele conta ainda que o desespero bateu ao entrar no quarto, ver a casa toda revirada e não conseguir encontrar nenhum de seus filhos ou sua esposa. “Na primeira chance em que ele tirou os olhos de mim, pulei nele”, detalha reconhecendo que não foi uma decisão certa, mas se conforta dizendo que a tragédia poderia ser maior, uma vez que os criminosos agrediram fisicamente sua esposa e seus filhos. “Se eu tivesse lá nesse momento, eu teria revidado e outras pessoas poderiam sair feridas”, analisa ao caracterizar o episódio como "livramento".

Silvino conta que, ao derrubar o criminoso, tentou imobilizá-lo e desarmá-lo. “Eu estava completando 58 anos. Ele tinha vinte e poucos e estava visivelmente drogado. Não deu certo. Ele atirou em mim quando eu estava ainda no chão. O João veio pra cima dele, e também foi baleado. Daí eles fugiram”, finaliza.

Desesperado e baleado, Silvino conta que ainda correu pela casa, na rua e no quintal buscando seus filhos, mas só depois encontrou 12 pessoas “empilhadas” em um banheiro da residência. “Ano que vem comemorarei meu aniversário em dose dupla: um de 59 anos e outro de um ano. Eu renasci”, se alegra.

Dois homens suspeitos de participarem da ação já foram pegos. A polícia procura uma terceira pessoa.