Após a interdição ética feita pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), desde ontem, no anexo provisório (tenda) e nos corredores do Hospital Geral de Palmas (HGP), a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), informou que deve seguir a determinação, salvo as situações de urgência e emergência.

De acordo com o secretário de saúde, Marcos Musafir, em entrevista ao Jornal do Tocantins, o governo entende que os atendimentos na tenda não são adequados ao que o paciente necessita. “Nossa colocação em relação aos conselheiros é que há uma insatisfação da nossa parte em relação àquele espaço. O governador determinou a retirada da tenda e em um estudo inicial é que precisamos de um novo espaço para esse número de pacientes”, ressaltando que a solução foi retomar recursos para dar continuidade para a obra de ampliação do HGP, que se arrasta desde 2013.

Ainda de acordo com o Musafir, o andamento da obra segue com a prioridade de finalizar o bloco de internação, local onde os pacientes da tenda serão alojados. “Serão 96 leitos de internação neste andar”, disse, ressaltando que para que o andar fique pronto é preciso que toda a infraestrutura própria para um hospital seja feita, situação que acarreta a demora na entrega.

Como outras medidas para evitar as internações na tenda, Musafir explicou que alguns pacientes que podem ser tratados com medicações leves estão sendo encaminhados para as unidades dos municípios de Porto Nacional ou Paraíso do Tocantins. “Isso já está sendo feito e diariamente estamos evitando pacientes que não estão em risco, que devem ser atendidos nas UPAs ou postos municipais de saúde. Faz-se o primeiro atendimento, medica e orienta a procurar a unidade básica de saúde”, explicou o secretário.

Outras medidas para desafogar o HGP seriam as obras nas unidades do interior, porém, o secretário explicou que no Hospital de Augustinópolis as obras de ampliação estão paradas por falta de recursos e em Gurupi existe uma nova unidade sendo construída.

Já em Araguaína existe o projeto de ampliação do Hospital Regional com recursos garantidos através de emendas parlamentares dos deputados federais Lázaro Botelho e Dulce Miranda. Entretanto, o secretário não deu nenhuma previsão para início das ampliações ou conclusão das obras já em curso.

Reclamações

As condições dos pacientes não melhoraram e muitos reclamam do atendimento. A vendedora Maria da Costa Nunes, de 33 anos, está acompanhando o pai, de 78 anos, que está internado na tenda há uma semana por conta de tumores. “O atendimento está difícil, deixam ele jogado, só dão dipirona toda vez que meu pai reclama de dor e já era para ele ter feito outra cirurgia. Me sinto triste e a família está desolada”, contou. Maria também relatou que a situação do local está em situação de calamidade.“Tem muitas pessoas com todos os tipos de doença e tudo misturado. Fico com medo de deixar meu pai lá”, reclamou a vendedora.

Na mesma situação está a dona de casa Maria de Lurdes Cirqueira, de 55 anos, que veio de Goiânia (GO) para ver seu pai, de 83 anos, que está internado na sala vermelha desde a tarde da última segunda e sem nenhum parente por perto. Segundo ela, funcionários do hospital não a deixaram entrar. “Ele está jogado lá sozinho, não pode fazer uma coisa dessas com um idoso. É um absurdo não poder ter um acompanhante”, reclamou, e ainda ressaltou que, em outubro do ano passado, sua mãe morreu no HGP sentindo dores após uma cirurgia de vesícula e não teve atendimento adequado.