A Defensoria Pública do Tocantins voltou a fazer vistoria no Hospital Geral de Palmas (HGP) e detectou mais problemas que os encontrados na última visita, realizada em agosto. Dessa vez, os problemas recorrantes da unidade, superlotação, aparelhos quebrados, falta de equipe médica e de insumos e materiais, têm gerado problemas piores aos pacientes. Diante da gravidade do caso, a Defensoria oficiou o Estado. O documento foi protocolado hoje e estipula o prazo de cinco dias para providências.

De acordo com a Defensoria, a situação mais grave é na área da Hemodinâmica ontem nenhum procedimento estaria sendo realizado. Nesta área, pacientes em situação de risco deveriam realizar exames de cardiologia, neurologia e muscular para identificar doenças ou a possibilidade de um infarto, ou até mesmo determinar a exata localização de uma obstrução nas artérias.

Outra constatação da Defensoria, e que já havia sido publicada pelo Jornal do Tocantins, tem como base inúmeros relatórios encaminhados à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) que expõem que pacientes em risco necessitam de exames básicos e material para a realização de um procedimento, porém, a falta de materiais impede que tais procedimentos sejam realizados e, por isso, os mesmos estão recebendo alta sem o atendimento.

“Tais relatórios são encaminhados e aguardam respostas de até mais de um ano para providência na Sesau, sendo que tratam de materiais que muitas vezes não oneram tanto aos cofres públicos”, afirmou a defensoria.

A vistoria foi realizada ontem pelo defensor público Arthur Luiz Pádua Marques, coordenador do Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa).

Nessa vistoria, a defensoria também detectou a existência de cerca de 20 pacientes que estão internados há vários meses no hospital, alguns com duração de internação de dois anos, à espera de procedimentos cirúrgicos. No entanto, não há materiais e insumos para a realização dessas cirurgias.  “Por conta da gravidade de alguns casos, pacientes estão indo a óbito diante da espera”, afirmou a defensoria.

 

Materiais

Novamente foi constatada a falta de materiais na unidade. Segundo a defensoria, faltam cateteres. “Pela falta dele há mais de seis meses no HGP, um paciente teve a perna amputada porque o cateter não foi retirado”, disse.

Outro paciente, luta para trocar a bateria de um marca-passo ressincronizador, porém, no último processo licitatório o item foi retirado do pregão por ser um produto caro. “Após o envio de diversos ofícios e relatórios, os médicos alertaram à Sesau a urgência de comprar a bateria para realizar a troca, trazendo risco à vida do paciente, visto que caso o marca-passo desligasse, o paciente viria a óbito. Porém, após meses de espera na compra do material, o paciente morreu no banheiro do hospital, vítima de uma parada cardíaca”, afirmou a defensoria.

Além disso, laboratórios também não estão realizando exames por falta de pagamento do Estado, os funcionários não recebem plantão extra há mais de seis meses e não há alimentação para os funcionários

 

Sesau

Questionada a Secretaria de Estado da Saúde alegou que "as cirurgias de urgência e emergência estão sendo realizadas normalmente e que após ter denunciado suposta adulteração de etiquetas em itens fornecidos pela empresa Cardiomed destinados a realização de cirurgia cardíaca, vascular e endovascular no Hospital Geral de Palmas (HGP) abriu quatro pregões eletrônicos com vistas à reposição dos materiais, garantindo 41 itens. Para adquirir os demais 24 itens que não obtiveram empresas interessadas no fornecimento, a Secretaria trabalha em processo de compra direta".

Sobre a falta de funcionários, a secretaria informou que "o quantitativo deve aumentar devido à determinação judicial que obriga os servidores da saúde, em greve, a manter o mínimo de 80% do efetivo trabalhando nas unidades hospitalares do Estado". 

 

Atualizada às 21h33