(Atualizada às 12h27 de 24/04/2017)

A estudante de direito Sâmara Muniz relatou ao Jornal do Tocantins os momentos de desespero que viveu com seu marido, Gustavo Cunha, 29 anos, sua mãe, Aparecida Muniz, 48 anos, que veio de Formosa (GO), e sua tia, Graziela Muniz, 32, de Portugal, durante travessia de volta da Ilha do Canela à Praia da Graciosa no fim da tarde da última sexta-feira, 21.

Sâmara relembra que na sexta havia chovido, mas que no momento em que saiu da Ilha do Canela, já no final da tarde, estava tudo tranquilo. Além de sua família, outras seis pessoas estavam na embarcação, inclusive uma criança de aproximadamente 10 anos de idade.

“Durante o trajeto o barqueiro ficava pedindo pra gente trocar de lugar, quando começou a entrar água. Ele desligou o motor, pulou na água e tentou segurar o barco”, disse a estudante que informou que os coletes salva-vidas estavam amarrados apenas na cintura. Orientações do Corpo de Bombeiros, no entanto, é que prenda o colete tanto na cintura quanto no pescoço, mas Sâmara alegou que o responsável pela embarcação não amarrou no pescoço e nem orientou fazê-lo.

“O barco virou e fomos todos para água. As ondas estavam muito altas, ficavam batendo no nosso rosto. Eu e minha mãe nos afogamos, mas logo apareceu alguém com JetSky para nos ajudar”, continua Sâmara ao destacar que o rapaz disse que já estava guardando a moto náutica quando viu o que aconteceu.

Resgate

Além do rapaz com JetSky, um rapaz que estava em um caiaque também foi auxiliar. Sâmara relata que o caiaque virou e serviu de boia para os que não sabiam nadar. “Nos apoiamos no caiaque e foram nos guiando até a margem”, disse. O rapaz de JetSky teria levado a mãe de Sâmara, uma vez que ela estaria muito agitada devido a situação e o medo.

O instrutor de Stand-Up Paddle, Endi Schmidt, acompanhou a situação de longe, visto que estava fazendo ronda pelo lado para o Ironman 70.3 Palmas que aconteceria no domingo, e informou para a reportagem que tudo aconteceu faltando uns 200 metros da margem da praia. “Era uma voadeira de lata grande e das oito pessoas que estavam na embarcação, uma não sabia nadar. Faltando uns 200 metros para a prainha nova que foi feita na Graciosa, as ondas começaram a jogar água dentro da embarcação. Pelo peso, a voadeira não estava conseguindo acompanhar as ondas, que começaram a cobrir a parte de trás do barco e começou a afundar”, relata Schmidt baseado, também, em conversa com o barqueiro.

“Faltava uns 30 metros para chegar à prainha quando a embarcação afundou e um cliente que estava de caiaque foi auxiliar no resgate do pessoal”, finaliza.

Bombeiros

Em seu posicionamento sobre o caso, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Tocantins (CBM-TO) lamentou o ocorrido informou que não recebeu pedido de socorro para essa ocorrência no lago. “Todo dia tem uma equipe de prontidão, baseada na Praia da Prata, para atender qualquer chamado, em qualquer praia da capital”, esclareceu.

De acordo com a corporação, não há uma base do CBM-TO na Praia da Graciosa porque ela “é a praia que representa o menor risco no momento” e que a “fiscalização, inspeção, vistoria e autorização de embarque e desembarque de passageiros não é de competência desta instituição”.

Ilha do Canela

O proprietário da Ilha do Canela, Rui Adriano, conversou com exclusividade com o JTo e classificou a situação como “caso isolado” e se diz “solidário” às pessoas que sofreram o susto. “Nós nos preocupamos com questões de segurança. A quantidade de pessoas estava correta e tudo, inclusive embarcação e colete salva-vidas, estão dentro dos padrões”, disse Rui Adriano ao afirmar que a marinha já está investigando a situação.

“A gente sente muito, e somos solidários com as pessoas. Somos muito rigorosos em relação à segurança. O barqueiro é o próprio comandante responsável pela embarcação e presta serviços para outras ilhas”, disse o proprietário da Ilha do Canela.

Marinha

A Marinha do Brasil, através da Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins (CFAT), identificou o episódio como “emborcamento de embarcação tipo lancha (conhecida localmente como canoa) ” e afirmou, através de nota, que “as causas e responsabilidades serão determinadas em Inquérito Administrativo instaurado pela Marinha do Brasil”.

A Marinha destacou que não foi acionada no dia do incidente, logo, ficou sabendo muito tempo depois do ocorrido através de mídias sociais. Eles solicitam, ainda, que “comunicações à CFAT que envolvam acidentes com embarcações ou eventuais denúncias sejam realizadas pelo telefone (63) 3216-1715 ou pelo e-mail cfat.ouvidoria@marinha.mil.br, onde as pessoas deverão se identificar e prestar informações da ocorrência”.

Confira o vídeo gravado por Gustavo Cunha, marido de Sâmara, após a situação, já na Praia da Graciosa: