Como forma de se sentir um pouco mais seguros, principalmente durante o período noturno, muitos moradores de Palmas aderiram aos serviços de vigilância privada. Os guardas contratados fazem rondas, avisam os residentes sobre pessoas e veículos estranhos quando entram em suas quadras, compram medicamentos e até fazem acompanhamento às residências quando solicitados, mas há quem discorda desse monitoramento por pessoas que não têm qualificação suficiente para este tipo de serviço. Na prática, o que se percebe diariamente é que somente a segurança pública não está sendo suficiente para evitar crimes contra o patrimônio. Somente em 2016, 638 residências foram roubadas ou furtadas na Capital, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Uma moradora da Quadra 110 Norte, que não quis se identificar, disse que se sente insegura em relação à contratação desses guardas, uma vez que não conhece a associação e não conseguiu acesso ao histórico do trabalho executado por eles.

A moradora contou que tentou ligar no telefone que estava no papel deixado pelo vigia, mas não conseguiu contato. “Acho esquisito esses guardas tomando conta da vida da gente. E tem o problema de vínculo contratual trabalhista, porque se acontecer alguma coisa com ele, como um acidente ou um ladrão atirar contra ele, o morador terá que indenizar”, afirmou a mulher.

Segundo a moradora, o vigia foi questionado sobre o histórico criminal, mas não apresentou nenhum certificado. “Não sei se podemos confiar, já que ele faz o monitoramento de entrada e saída de cada morador e acaba sabendo da nossa rotina”, disse indignada.

Mas quem é adepto do serviço diz que se sente mais confortável sabendo que tem o vigia rondando a quadra. “É uma segurança, eu escuto ele passando à noite. Pago pelo serviço de 22 horas às 5 da manhã e acho que está sendo bem aplicado”, contou a aposentada Irne Bratz, 64 anos, que mora na Quadra 305 Sul.

O empresário Welton Souza de Pádua, 23 anos, morador da Quadra 603 Sul, também utiliza do serviço noturno e está satisfeito. “O atendimento da quadra é muito bom. Ele compra remédio se necessário, se entrar carro desconhecido aqui ele avisa pelo grupo do WhatsApp, então sinto que é conveniente”, afirmou.

O escritório da Associação dos Guardas Noturnos de Palmas (AGNP) fica localizado na residência do presidente, Roniério Lima da Silva, na Quadra 1.304 Sul. Segundo ele, não existe capacitação do vigia, sendo apenas feito um treinamento do profissional no momento que adere à associação. “A gente fala como é a situação do trabalho, explica direitinho”, contou. Silva disse que não é possível saber a quantidade de quadras que são monitoradas pelos guardas e também não soube falar o número exato de vigias cadastrados à associação. “Tem mais ou menos umas 50 pessoas”, estipulou.

Como são apenas vigias noturnos, eles não têm autorização para porte de armas, por isso em casos de suspeitos ou pessoas estranhas nas quadras, eles ligam para a Polícia Militar (PM) ou Guarda Metropolitana de Palmas (GMP) para solicitar ajuda.

Conforme o presidente, o trabalho consta apenas como monitoramento e auxílio aos moradores. “Se chegar gente fora de hora, a gente faz o acompanhamento até em casa, compra de remédio, se o portão da residência estiver aberto comunicamos ao proprietário, isso acontece muito encontrar portão aberto na madrugada”, explicou. Silva também disse que é solicitado a cada vigia a certidão de antecedentes criminais. A Polícia Militar (PM) foi procurada, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.