Patrícia Aline Santos, de 29 anos, encontrada morta em Palmas na última quinta-feira, em um terreno baldio, já havia sido agredida por outro companheiro com quem vivia em união estável por cerca de três anos (de março de 2014 a junho de 2017), conforme documentos de processos judiciais aos quais o Jornal do Tocantins teve acesso.

Relatos contidos na denúncia apontam que em 2017 Patrícia foi agredida pelo ex-marido que tentou estrangulá-la, desferiu lhe chutes, pisões, cuspiu no rosto e deu lhe vários murros na cabeça. A vítima relatou em depoimento à polícia que sofria agressões do ex-companheiro há muito tempo, inclusive com ocorrência registrada contra ele em São Paulo onde residiam.

O processo revela que na época em que procurou a delegacia, Patrícia apresentava várias marcas e hematomas e chegou a vomitar sangue na UPA quando recebeu o primeiro atendimento.

Uma ocorrência foi registrada pela vítima no dia 11 de junho de 2017, na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Palmas (Deam). Na ocasião, Patrícia representou criminalmente contra o ex-companheiro pela ameaça e injúria e pediu medidas protetivas, concedidas pela Justiça.

Outro processo revela também que no mesmo mês Patrícia pediu judicialmente a dissolução de união estável. Nesse período, ele estava preso na Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPP). Ela pediu para visitá-lo, mas a Justiça negou. Depois ela voltou atrás e informou a Justiça a desistência da ação diante do interesse em reatar o relacionamento.

Apesar do conflito, ela sobreviveu ao fim da união e a denúncia virou ação penal que ainda tramita na Vara de Combate a Violência Doméstica de Palmas.

Natural de Montalvania (MG), Patrícia Aline dos Santos, foi vítima mais uma vez essa semana, da violência contra a mulher e não sobreviveu. De acordo com informações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Palmas, o principal suspeito de cometer o crime seria o atual namorado da vítima, identificado como Iury Italu Mendanha, ainda não foi encontrado. A DHPP informou também que a ocorrência é caracterizada como feminicídio.

O delegado responsável pelo caso, Israel Andrade, informou no dia do crime, que o corpo da vítima tinha ferimentos de bala e o rosto estava muito machucado. Andrade também destacou que testemunhas disseram que Patrícia tinha um relacionamento com o suspeito por aproximadamente dois meses. Na casa do suspeito, a Polícia Civil encontrou duas armas de fogo e munições.


Pediu socorro

Em uma conversa entre Patrícia e uma amiga com data do dia 31 de julho deste ano, divulgada na última quinta-feira nas redes sociais, a vítima pede socorro a uma suposta agressão na qual afirma que o namorado queria matá-la. “Só quero me esconder”, “Amiga, vem aki em casa. Corre. Yure quer me matar (sic)”, diz Patrícia em um trechos da conversa.

A veracidade da conversa sobre o suposto pedido de ajuda, ainda está sendo apurada, conforme informou a Secretaria de Estado da Segurança Pública.