Na conclusão do inquérito sobre o acidente que tirou a vida do ginecologista Pedro Caldas, 40 anos, a Polícia Civil constatou que houve um “autêntico dolo eventual”, ou seja, a condutora do veículo que atropelou e matou o médico assumiu o risco de um possível crime. Iolanda Costa Fregonesi, 22 anos, pode responder por quatro crimes. Conforme o relatório, que foi apresentado na manhã de ontem à imprensa, os crimes nos quais a jovem foi enquadrada são homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificado, dirigir embriagada e sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Pedro Caldas, que ficou internado 34 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular de Palmas, teve morte cerebral confirmada no dia 16 de dezembro do ano passado. Ele sofreu traumatismo craniano no dia 12 de novembro de 2017, ao ser atropelado por um veículo conduzido por Iolanda. O carro da jovem, a qual estava sem habilitação, avançou em sua direção enquanto ele praticava corrida de bicicleta com um grupo de atletas, na marginal leste da TO-050, em Palmas. Ele foi socorrido e enviado para o Hospital Geral de Palmas (HGP), onde passou por uma cirurgia, em seguida foi transferido para a UTI de um hospital privado na Capital.

Inquérito

No inquérito, o delegado adjunto da Delegacia de Repreensão a Crimes de Trânsito, Hudson Guimarães Leite, aponta que o fato de Iolanda não ter feito o teste do bafômetro, que é um direito dela, não atrapalhou as investigações da Polícia Civil, que constatou através das provas testemunhais, que ela estava dirigindo embriagada. Segundo ele, há depoimentos de agentes de trânsitos, profissionais de educação física e outras testemunhas que relatam que ela estava dirigindo bêbada. “Inclusive, há relatos de que o estado de embriaguez era tanto que havia necessidade de abrir os vidros devido ao mau cheiro etílico no veículo que a conduzia para a delegacia”, acrescenta.

Outra vítima

Além de Pedro, a Polícia Civil incluiu no relatório a vítima Moacir Naoyuk Ito, que foi atropelada junto com o médico, mas teve apenas lesões corporais.

Agravante

Outro fato constatado pela polícia, segundo o delegado, é que o veículo não freou antes de bater nas vítimas. Esse fato, conforme a investigação, aponta para o fato de Iolanda não ter visto as duas pessoas que caminhavam. No entanto, ele mesmo destaca que isso seria incoerente, já que no momento do acidente havia muita gente praticando esporte e era impossível, que alguém passasse naquela avenida, onde não havia trânsito de outros veículos, e não visse a movimentação dos atletas. “Há uma informação dentro dos autos que no veículo haviam dois cães pequenos, o que pode ter contribuído para que a senhora Iolanda tenha perdido à atenção, mas a polícia civil acredita que realmente o que tirou à atenção foi o estado etílico da condutora e a falta de bom senso em uma pista extremamente movimentada com somente ciclistas e corredores e não houve melhoramento da atenção ou o pensamento que aquele fato poderia acarretar em uma tragédia”, completa.