O desabastecimento de medicamentos do maior hospital público do Estado, o Hospital Geral de Palmas (HGP), chegou a um nível crítico. A diretoria da unidade lançou uma campanha para arrecadar amostras grátis de medicamentos em clínicas e consultórios particulares dos médicos para pacientes que receberão alta hospitalar.

A campanha solicita aos médicos que puderem contribuir para enviarem o telefone da clínica ou do consultório para que a diretoria possa entrar em contato e organizar a logística da coleta dos medicamentos.

Para o médico Ronis Silva, o pedido da diretoria é vergonhoso. “Eu acho isso um desrespeito. À medida que é feita uma campanha dessa, é transferida para a sociedade uma responsabilidade que não é dela”, opinou.

Segundo o diretor do Conselho Regional de Medicina (CRM-TO), Eduardo Braga, a resolução 60/2009 não proíbe a utilização de amostra grátis em serviços de saúde, porém ela estabelece regras bastante rígidas. Ele ainda alerta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) diz que é vedada a distribuição de amostras grátis dos produtos biológicos que necessitem de cuidados especiais, como medicamentos controlados. Braga informou ainda que o médico prescritor deve garantir as adequações das amostras grátis. “Caso o médico faça a opção por distribuir, ele que será responsável por tudo que vier a acontecer com o paciente.” O CRM não foi consultado sobre a decisão do hospital.

O Sindicato dos Médicos do Estado (Simed) emitiu uma nota informando que a campanha “é a confirmação cabal da ineficiência da gestão estadual em gerir o orçamento de R$ 1,7 bilhão para a atividade mais essencial da rede estadual de saúde: o fornecimento regular de medicação aos pacientes atendidos nos hospitais públicos”.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que “esta prática, que mostra o sentimento humanitário dos bons médicos do hospital, é frequente em vários hospitais públicos do País e tem beneficiado milhares de pacientes”. A pasta também informou que o HGP dispõe de medicamentos para assistência aos pacientes internados na unidade e que as doações beneficiarão apenas os pacientes do ambulatório.