Diariamente, o Hospital Geral de Palmas (HGP) recebe centenas de pacientes, porém com a greve dos profissionais da saúde, as consultas, exames e cirurgias eletivas foram afetadas, o que acarreta em mais tempo de espera àqueles que estão internados em busca de atendimentos. Essa é a triste realidade do caos que a saúde pública no Estado vem enfrentando. A saída é recorrer a um hospital particular ou tentar o atendimento em hospitais de outros estados. No Tocantins, conforme levantamento do JTo, 4.808 pessoas esperam por cirurgias eletivas.

No dia 1º de agosto, os anestesiologistas que prestam serviços ao Estado iniciaram a redução de escala, devido à falta de pagamento dos serviços desde setembro do ano passado. Enquanto o atendimento é fornecido apenas para pacientes de urgência e emergência, os demais ficam à espera do fim da greve.

Na última quinta-feira, o motorista Albertino Sousa, 41 anos, cansou de esperar, sentado na cadeira de macarrão que ele mesmo levou para o hospital, e junto com o filho Jaderson Welton Santos que está com o braço quebrado solicitou a alta hospitalar. “Ele ficou internado 26 dias e o osso já deve ter colado no lugar errado. O hospital está uma vergonha está faltando esparadrapo e anestesista”, disse.

Anexo

Em março deste ano, o eletricista Itaeres Pereira de Sousa, 46 anos, caiu de moto e precisou ser atendido na unidade. Mesmo com um pouco de demora, ele conseguiu passar por uma cirurgia e recebeu uma prótese de sustentação no membro superior que foi fraturado, mas no início de agosto a prótese rompeu e ele aguarda por uma nova cirurgia. Internado desde o dia 5, ele relatou algumas dificuldades dentro do hospital, principalmente na tenda. “Todo dia pergunto para o médico que dia vou operar e ele não sabe. Estou sem esperança. Enquanto isso, o hospital fica mais cheio e não há alimentos para todos. Fiquei sabendo que liberaram a entrada de comida porque aqui não tem”, afirmou.

O funcionário público Jorge Luiz Ferreira Gonçalves também aguarda cirurgia no fêmur e contou o descaso dentro da tenda. “Tem uma enfermeira e um técnico de enfermagem para um dos quatro pontos da tenda. O médico residente passa com o plantonista uma vez ao dia e pergunta se estou sentindo dor, a sensação que eu tenho é de abandono”, falou.

O presidente da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do Tocantins (Coopanest), Mário Sérgio Borges, informou que a escala está reduzida devido à dívida ultrapassar R$ 13 milhões. “A dívida vencida é de R$ 12 milhões, acrescido R$ 1,7 milhão referente ao mês de julho e o Estado informou que só dispõe de R$ 3 milhões que serão destinados à Litucera”, afirmou.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou que os atendimentos às urgências e emergências estão mantidos em todas as unidades hospitalares do Estado e que os setores devem manter o mínimo de 30% dos serviços, garantindo a assistência aos usuários. Já sobre quando será regularizada a situação nos hospitais, a pasta não se manifestou.

Greve na saúde

Profissionais

1º de agosto: médicos anestesistas

12 de agosto: profissionais da saúde

16 de agosto: médicos dos 19 hospitais públicos

Unidades afetadas

Hospital Geral de Palmas (HGP), Hospital e Maternidade Dona Regina (HMDR), Hospital Infantil de Palmas (HIP) e anexos das secretarias, Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), Hemocentro e Vigilância Sanitária

Porto Nacional – Hospital e Maternidade Tia Dedé e hospital regional

Hospitais regionais

Pedro Afonso

Miracema

Paraíso

Araguaína

Gurupi

Dianópolis

Segunda-feira tem previsão do Hospital Regional de Guaraí também ter os atendimentos atingidos.