O que deveria ser uma das épocas mais felizes da vida, de repente pode ser convertida num período de luto para muitas mulheres que engravidam. Foi assim por duas vezes para a doméstica Valdenir Pereira, 41 anos, que está na quarta gravidez e descobriu ser portadora de uma anomalia no sistema de coagulação do sangue, chamada trombofilia.

Valdenir é mãe de um adolescente de 18 anos e está entrando na quinta semana de gestação de seu segundo filho. Antes, passou por duas experiências de aborto espontâneo. “Minhas primeira gravidez foi tranquila. Meu filho nasceu de parto cesariano, sem nenhuma complicação. Mas, depois não conseguia mais engravidar”, contou Valdenir.

Ela explicou que ao iniciar o pré-natal, a ginecologista que a acompanha no Posto de Saúde da Família do Aureny I pediu exames mais específicos, a fim de identificar a causa dos abortos sucessivos. “Ai foi constatado que sou portadora de trombofilia”, lamentou.

A trombofilia não é classificada como uma doença e não tem uma causa específica. Pode ser hereditária ou adquirida, conforme explicou o ginecologista Pedro Caldas, especialista em reprodução assistida. “Este problema se caracteriza com o engrossamento do sangue e a predisposição para formação de pequenos trombos na placenta, que podem impedir a circulação normal entre o feto e a mãe”, explicou o especialista.

De acordo com Caldas, as consequênciais variam entre abortos repetidos, crianças que nascem com retardo no crescimento e óbito fetal intrauterino. O médico disse também que a trombofilia em gestantes não é comum e os exames são de alto custo; não são oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem pela maioria dos planos de saúde. “Por isso, não são inclusos nos exames do pré-natal. Costumamos solicitar quando a gestante já teve abortos por repetição sem causa específica, ou há casos na família.

Valdenir explicou que apesar de seus abortos anteriores o exame nunca havia sido pedido. “Agora, a médica me encaminhou para fazer no Hospital Dona Regina”, disse. O problema é tratado com uma medicação anticoagulante, chamada Enoxaparina Sódica. A dose custa em torno de R$ 55, a preço de mercado. Mas pode ser encontrada na rede pública de saúde.

Porém, na rede municipal de Saúde, responsável pelo fornecimento da medicação, ele está em falta. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o processo licitatório para compra da medicação já foi concluído e a previsão é de que até a primeira semana de setembro o fornecimento esteja regularizado.  Atualmente, 23 grávidas estão cadastradas na Assistência Farmacêutica da Semus para recebimento deste medicamento. A trombofilia não é classificada como uma doença e não tem uma causa específica; pode ser hereditária ou adquirida