Foi realizada durante a tarde de ontem na Primeira Vara Criminal de Palmas, no Fórum da Capital, a primeira audiência de instrução e julgamento para esclarecer as circunstâncias que envolvem a morte da professora Danielle Christina Lustosa Grohs, que foi encontrada morta dentro de casa, na região Sul de Palmas, no dia 18 de dezembro de 2017. O principal suspeito do crime trata-se do médico e ex-marido da vítima, Álvaro Ferreira da Silva. A audiência foi encerrada por volta das 19h30 e deverá ser concluída no próximo dia 11 de dezembro, no mesmo local, às 14 horas. Silva não prestou depoimento e deverá ser ouvido na próxima audiência.

Pouco antes de ser realizada a audiência, em frente ao Fórum de Palmas, cerca de 30 pessoas entre amigos, familiares e colegas da professora fizeram um protesto pedindo por justiça. “Espero que os magistrados definam que o julgamento dele seja por júri popular e que ele pague pelo crime que cometeu contra minha filha Danielle. Ele matou minha filha sem direito a defesa, sem motivo cometeu esse feminicídio”, disse Simara Maria Lustosa Siqueira, mãe de Danielle Christina.

As oitivas das testemunhas começaram por volta das 14 horas pelo juiz Gil Corrêa, da Primeira Vara Criminal de Palmas. Pelo Ministério Público Estadual (MPE) foram arroladas oito testemunhas. Enquanto seis foram convocadas pela defesa do médico, sendo que uma delas foi dispensada. A mãe de Danielle Christina também não falou, pois já havia sido tomado o seu depoimento em outra oportunidade por videoconferência.

A primeira pessoa a falar foi William Martins Soares, que pediu para Silva se retirar da sala, pois estava com receio da presença dele. Segundo o advogado da família de Danielle Christina, Edson Alecrim, a testemunha, inclusive, já foi agredida pelo médico e a agressão foi gravada em vídeo. A segunda pessoa a ser ouvida foi Volnei Dias Carvalho, que foi companheiro de cela do suspeito quando ele foi preso dois dias antes da morte de Danielle porque invadiu a casa dela e tentou esganá-la. Segundo o relato, Silva teria afirmado que mataria a esposa quando saísse da prisão. Também foi ouvido o agente da Polícia Civil Osvaldo Rego de Oliveira Filho, que disse que o médico deu detalhes de como estava o corpo da professora na viagem de volta para o Tocantins após ele ser preso em Goiás, antes do laudo ser identificado.

Enquanto o agente falava, o suspeito chorou ao ouvir que uma mensagem enviada para ele por um homem que fingia ser namorado de Danielle na verdade foi forjada pela ex-namorada dele, Marla Barbosa. No interrogatório, ela admitiu ter enviado a mensagem citada pelo agente. Ela alegou que não queria que Silva tentasse enfrentar um suposto namorado de Danielle. “Realmente, foi um erro meu ter enviado essa mensagem”, relatou. Ela disse que queria apenas evitar um confronto entre os dois homens e não estava tentando influenciar o médico a terminar com Daniele.

A assistente social Marla Cristina Barbosa Santos, ex-namorada de Silva, também foi ouvida ontem. Marla pediu para prestar o depoimento sem a presença do médico alegando estar com medo do ex-companheiro, que mais uma vez se retirou da sala de audiência. Ela relatou uma agressão que sofreu em Campinas (SP) pelo médico e também que o advogado de Silva também teria a ameaçado.

Marla ainda informou que o médico não esboçou nenhum sentimento quando mostrou para ela, pelo celular, a notícia da morte da Danielle, quando eles estavam em Salvador (BA). Porém, disse que não sabia e não tinha desconfiança que ele teria matado a ex-esposa. Disse que achou que a professora tinha se suicidado. A reportagem do Jornal do Tocantins procurou o advogado do médico, Adelmário Alves dos Santos, para comentar sobre a suposta ameaça, mas, até o fechamento desta mediação as ligações não foram atendidas.

Revolta

Amiga de longa data da professora Danielle, Leidilene Santos Silva, trabalhou junto com ela em uma escola na região Norte de Palmas. Ela é uma das pessoas que estavam na frente do Fórum protestando e pedindo por justiça. “Foi um baque muito grande, ela estava sempre junto. Até hoje eu sinto muito a falta dela”, comenta Leidilene. Ela ressalta ainda que a amiga era agredida há muito tempo e que não tinha liberdade de ir até a casa de Danielle por causa de Silva.