O último censo geral do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, apontou uma população de aproximadamente 14 mil indígenas no Tocantins. E apesar dos costumes e identidade peculiar de cada povo, que sem dúvida contribui não só para a formação do patrimônio histórico do Brasil, mas do Estado, todas as etnias possuem uma triste realizada: o acesso ao ensino de qualidade.

“Existem escolas sem materiais didáticos, aldeias sem unidades escolares, onde as famílias constroem barracas para as crianças estudarem. Além da falta de qualificação de alguns professores que estão atuando nas escolas. Outro ponto que percebemos é que os alunos quando vêm para a cidade fazer um vestibular têm dificuldade de passar na seleção”, avalia uma das representantes da coordenação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Laudovina Pereira.

A ativista menciona que o ensino tem que acompanhar a evolução dessas crianças, que têm que ter material didático diferenciado, por se tratar de uma cultura diferente, inclusive com língua própria.

Um dos maiores desejos de Renato é ter um percurso menos acidentado, sem que tivesse que até mesmo atravessar rios e riachos a nado ou com a motocicleta em cima de uma pequena voadeira. Mas, apesar do trajeto difícil, toda essa dedicação tem um motivo: respeito ao seu povo. “Eu moro na cidade e tenho acesso à informação. Então não seria justo guardar esse conhecimento só para mim. Afinal, estudei, me formei e quero contribuir com isso. Apesar de todas as dificuldades, faço parte de uma gente guerreira que nunca desiste, que supera dificuldades”, anuncia o professor.

Enchentes

O drama do professor é o espelho da realidade vivida pelos krahôs nos últimos meses. As chuvas intensas ocorridas desde o fim de março deixaram as aldeias alagadas e alguns lugares totalmente sem acesso às cidades. Os alimentos para essas pessoas são levados, muitas vezes, em sacos plásticos, além de mulheres terem que atravessar seus filhos pequenos no colo e as crianças sem o acesso integral à educação e a merenda, já que nem todos os professores conseguem chegar até às aldeias.

“Eu fico indignado com o poder público, que não faz uma prevenção contra esses fenômenos da natureza. É obrigação do Governo nos dar essa atenção, até porque somos cidadãos, somos gente. Votamos, exercemos cidadania e temos os mesmos direitos do homem branco. Só que infelizmente eles só lembram do índio nas vésperas de eleição”, desabafa.

Krahôs

Em dois séculos de contato com os brancos, os Krahô têm vivido reviravoltas, ora aliados dos fazendeiros, ora massacradosor eles. Os Krahõs são uma das etnias do Estado que mais preserva sua cultura nativa. Eles mantêm a língua materna, costumes e crenças dos antepassados, inclusive por meio da transmissão de conhecimento oral, repassada dos mais velhos para os mais novos das aldeiais.

Etnias

Além dos povos Krahôs, o Tocantins é composto por mais oito etnias reconhecidas, que são: Apinayé, Xerente, Krahô-Canela, Karajá, Avá-Canoeiros, Javaé, Xambioá e Pankararú. Caracterizados pelas suas particularidades, os povos estão localizados de norte a sul do Tocantins.

Existem no Tocantins nove etnias conhecidas, cujas aldeias estão distribuídas em praticamente todas as regiões do estado