Após afirmações do secretário de Estado da Saúde (Sesau), Marcos Musafir, publicadas em entrevista exclusiva para o JTo do último domingo, sobre a saúde pública no Estado, o defensor público coordenador do Núcleo Especializado de Defesa da Saúde (Nusa), Arthur Luiz Pádua Marques, informou que há indícios de mortes por falta de atendimentos e exames laboratoriais.

“Temos mais de 20 Ações Civis Públicas para corrigir, temos indícios fortíssimos de pacientes que vieram a óbito. O Ricardo estava com câncer e faleceu na sexta-feira, faltou a quimioterapia dele, não tinha e ele perdeu um braço”, relata. Ricardo de Oliveira Rosa, 40 anos, estava internado no Hospital do Câncer de Barretos (SP) desde a última terça-feira à espera de cumprimento de uma decisão judicial por parte do governo do Estado.

Outro caso que o defensor cita como exemplo é o de Denilce Batista Barros, 33 anos, que morreu no dia 6 depois de esperar pela realização de um exame laboratorial desde o dia 28 de novembro. “Ela deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UTI) no dia 28 com prescrição para fazer os exames, ficou até o dia 5 e não fez os exames, ela morreu com sepse”, afirma o defensor.

Marques também lembra o caso do paciente cardíaco que morreu em um banheiro do Hospital Geral de Palmas (HGP) em setembro depois que o marca-passo dele acabou a bateria. “Esse vamos mandar para a Procuradoria Geral do Estado (PGE) apurar o dano e entrar com ação de regresso contra o secretário, porque no caso do marca-passo ele foi informado. Tem um documento que a equipe médica do serviço da hemodinâmica escreveu: ‘Ele tem risco de morte súbita por desgaste avançado da bateria do marca-passo’, mandou para ele dia 31 de agosto, no começo de setembro ele morreu, e está na certidão de óbito do cara. Se ele falar que ninguém morre por desassistência, ele está contrariando um documento público.”

Segundo o defensor, os problemas são verificados em cada vistoria mensal que a Defensoria Pública do Estado e Ministério Público Estadual (MPE) realizam. Na última sexta-feira, Marques foi ao Hospital Infantil de Palmas (HIP) e verificou que várias crianças estavam desassistidas. “Tinham duas crianças com suspeita de coqueluche que estavam no segundo dia sem fazer os exames. Estava faltando para uma criança dieta enteral e ainda estavam em falta os polivitamínicos e oligoelementos para as alimentações parenterais que estão sem há quase um ano”, relata.