Dados do Sistema Processual Eletrônico (E-proc), do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ-TO) apontam que houve um crescimento de 25,3% nos números de casos de violência contra mulheres no Estado. O sistema revela que de 1º de janeiro a 15 de outubro deste ano foram registrados 5.300 casos de violência doméstica, no Tocantins, 1.070 casos a mais que no mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 4.230 casos.

Palmas lidera o ranking com 851 casos só este ano, no mesmo período do ano passado, de acordo com o Sistema E-proc, 673 mulheres da Capital sofreram algum tipo de violência doméstica. Em segundo lugar aparece a cidade de Araguaína, com 479 casos registrados só este ano contra 302 registros em 2017.

Em Gurupi também houve crescimento destes números em 2018 com relação ao mesmo período do ano anterior. Foram 241 denúncias feitas à Justiça sobre casos de violência doméstica contra mulheres, contra 194 casos no ano anterior.

Para a promotora de Justiça e Coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Infância e Juventude (Caop), da Cidadania, Direitos Humanos e da Mulher, Jacqueline Orofino da Silva Zago de Oliveira, os dados são alarmantes. Ela relata que embora o Ministério Público Estadual (MPE) e a Rede de Proteção a Mulher tenham feito várias campanhas para divulgar ao máximo a Lei Maria da Penha e esclarecer as mulheres dos seus direitos, muitas ainda não sabem quais são os mecanismos que a lei lhe assegura, como por exemplo, as medidas protetivas.

A promotora avalia que o aumento dos números de violência contra mulheres ainda se deve a cultura patriarcal e do machismo que ainda imperam, e do medo da mulher em denunciar o agressor. “Os números mostram que essa cultura ainda não mudou, mas por outro lado, isso pode significar que, eventualmente, mais mulheres possam ter denunciado”, diz.

Quem também comentou os números foi a delegada adjunta da Delegacia Especializada em Atendimento a Mulher da região Centro-Norte de Palmas, Lorena Oyama. A delegada considera que apesar dos números revelarem um crescimento, a Lei Maria da Penha trouxe muitos avanços.

“As mulheres tem tido cada vez mais o conhecimento da lei, que felizmente vem sendo divulgado amplamente, e eu acredito também que elas estão confiando mais na Justiça, tanto na Polícia Militar quanto na Polícia Civil que é quem investiga e nos membros do Ministério Público e no Judiciário, isso faz com que as mulheres tenham coragem de denunciar, por isso eu acredito que o número tenha aumentado”, pontua a delegada. Ela lembra que é importante a vítima denunciar, seja pelo 180, no 190 da Polícia Militar ou em qualquer delegacia.